ANÔNIMO

Anônimo

Quero apenas ser
A mim bastam: a paz
A alegria de fazer
De não esquecer jamais.
Não preciso de discurso
Dicionário ou receita
Minha vida é um percurso
Por ruelas muito estreitas.
A ilusão pinta o futuro
A paisagem em derredor
Sou um vivente prematuro
Gerado sem nenhum amor.
A mim bastam: a certeza
A fé, a força, a vontade
A graça, o sonho, a sutileza
Traços da minha insanidade.
Tudo é pouco e é tanto!
Nos braços da contradição
Sonhos de morte são acalantos
Enfeitando a solidão.
Eu sou o ramo ressequido
De algum velho espinheiro,
Sou o botão concebido
Pela força do jardineiro,
Sou a vida que flui serena
Por entre as pétalas de uma flor
Sou pequena parte de uma cena
Na encenação do amor.
Também sou a morte antiga
A dor, a gozação, o grito
Sou a explosão magnética contida
Na anônima comunhão do infinito!

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