VIOLENCIA EM SÃO CONRADO

Assistimos nos telejornais desse sábado mais um episódio da guerra urbana que alige o cidadão carioca, em plena zona sul do Rio de Janeiro, no bairro mais caro do Estado: São Conrado.
Diante dos olhares estarrecidos das pessoas de bem e autoridades, bandidos armados com fuzís e outras armas de grossos calibres levaram panico a uma população que já não sabe onde se refugiar.
Até onde a violencia vai chegar no Rio de Janeiro e no Brasil?
Até quando vamos nos omitir e fazer de contas que tudo está bem?
Até quando vamos suportar que nos tratem como se nossas vidas não valessem nada?
Precisamos deixar de lado a hipocrisia e olhar de frente o problema da violencia no RJ. O crime organizado, ele é organizado mesmo, é muito mais sério e eficiente que o Estado Legal. È preciso que as autoridades entendam de uma vez por todas que não se faz política de segurança apenas com homens mal pagos, armas velhas e discurso. Política de segurança passa primeiro pelo combate á pobreza, combate á corrupção nas instituições e aplicação de penalidades compatíveis com a gravidade dos delitos. Dar educação e ocupação para jovens e adolescentes mantendo-os na escola pode ser um primeiro passo para a construção de um futuro melhor.
Enquanto isso não acontecer continuaremos vendo cenas de filmes de ação pelas ruas do RJ e do país.
Deus nos proteja!

FAVELAS


Talvez eu viva uma realidade diferente daquela vivida pela maioria das pessoas. Talvez... Porque eu não consigo acreditar que se possa viver em casebres pendurados nos morros, fincados nas margens dos rios, construidos sob pontes, viadutos ou em regiões de baixada sujeitas a alagamentos. As favelas do RJ são, por esses aspectos, o retrato do caos, da miséria e do descaso das autoridades públicas brasileiras.
Eu não aceito a favela como continuação natural das cidades. Para mim, ela é mais uma aberração social, algo assim como uma ferida aberta com a qual temos convivido ao longo dos anos. Em um dos meus poemas me refiro às favelas como “...um câncer bem comportado que a gente suporta por comodismo ou falta de opção...”.
Dizer que vai melhorar a vida das pessoas na favela soa-me como demagogia porque por mais “plástica” que seja feita, favela será sempre favela e seus moradores serão sempre favelados. Não importa que se mude a forma de nomear essas "comunidades", que já foram chamadas de complexo social em anos passados.  Pois não deixam de ser lugar de pessoas carentes, excluídas de uma sociedade que insiste em apreveitar-se de sua força de trabalho sem se importar com suas necessidades básicas. O que o poder público precisa fazer é impedir o surgimento das favelas e transformar as que já existem em bairros populares com ruas e avenidas que possibilitem a entrada de viaturas da policia e de serviços como ambulâncias, caminhões de coleta de lixo e carros de moradores e de empresas prestadoras de serviços além de construir postos de saúde e de emergência médica, creches e escolas com horário integral para oferecer às crianças e jovens atividades curriculares e extra curriculares permitindo-lhes uma educação de qualidade em lugar do ócio comum e da possibilidade de opção pela marginalidade.
Agora temos os discursos das UPPs e do PAC como solução para as favelas do RJ. Não vejo bem assim. As favelas são áreas de grande complexidade, não só pela geografia física dos espaços ocupados, mas principalmente, pelo grande contingente de pessoas que as habitam. Não será com alguns policiais nos morros e algum concreto que se dará nova configuração a essa excrecência social tão comum aos nossos olhos. Serão necessárias ações contínuas de governo e a presença do Estado com todos os seus aparelhos para promover uma reeducação e restauração da dignidade de cada uma das pessoas que habitam tais áreas, porque já não existe fé, confiança nos homens públicos e no Estado Legal. O que há é um estado marginal que dita normas e aplica uma justiça própria, a da força das armas. Exemplo disso e o complexo do alemão.
Nos morros onde foram instaladas as UPPs criou-se a espectativa de paz e felicidade. Mas, as mazelas continuam. São menos tiroteios agora. São menos corpos e invasões. Entretanto, as ruelas e os barracos continuam. As longas escadarias e o sofrimento das pessoas que precisam descer e subir indo e vindo do asfalto continua. A pobreza continua a mesma... Será que a sociedade da zona zul vai conviver harmonicamente com a miséria de tais pessoas por muitos anos? É bem possível que logo vejamos, se a paz nos morros perdurar, novos donos de imóveis no santa marta, na rocinha e em muitos outros morros do RJ. Acredito que por trás desse grande aparato policial existe um interesse imobiliário muito maior. Imagine só quanto deve valer um terreninho no alto de qualquer desses morros com vista para a baia de Guanabara! “Pacificar” as favelas do RJ pode ser título de uma obra cujo final leve uma grande massa de bandidos e desvalidos para a região dos Lagos, cidades do interior e municípios do grande rio, principalmente para Duque de Caxias, Nova Iguaçu, São João do Meriti e Belford Roxo.  Afinal, a zona sul não é lugar de pobre. E, "lugar de bandido" é na baixada fluminense. Ambos, bem longe da elite carioca. Bem longe dos olhos da elite política do Estado. do RJ. Em algum lugar onde não provoquem as sangrentas manchetes dos jornais e TVs que causam repercussão negativa em todo o mundo e podem macular a imagem de "Cidade maravilhosa" vendida lá fora. Aliás, estão às portas uma copa do mundo de futebol em 2014 e as olímpíadas de 2016. Quem vai querer estragar isso?!

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