FELIZ NATAL E FELIZ 2010

SEJAM TODOS BEM-VINDOS AO BLOG DO CARLOS GAMA

TENHAM UM FELIZ NATAL E UM ANO NOVO REPLETO DE PAZ, DE HARMONIA E PROSPERIDADE.

QUE 2010 NOS TRAGA MENOS VIOLENCIA E MAIS OPORTUNIDADES DE CRESCIMENTO PLENO.

FELICIDADE A TODOS!

BRASILIDADE E PATRIOTISMO

As denúncia de corrupção no governo do DF servem para mostrar ao povo brasileiro que esse mal está fortemente arraigado no seio da nação. Não existem alguns corruptos, alguns político desonestos. O que há é uma rede de corrupção que vai de norte a sul, de leste a oeste. Com o advento da internet ficou mais fácil, mais ágil comunicar-se em nível nacional e esse bando de apátridas, com seus tentáculos estendidos sobre todas as regiões, informa-se em tempo real das possibilidades de "fincarem os dentes" no patrimônio público. Seus colaboradores estão por toda parte. Os prováveis cúmplices, aqueles que desfrutam da confiança do povo e do poder político, tambem estão sempre prontos a forjar documentos, a fraudar licitações, a superfaturar obras e serviços públicos para enriquecerem rapidamente e mais se fortalecerem no poder.
Não é por acaso que muitos dos nossos políticos mantêm-se na vida pública por mais de trinta anos. Usando o poder do dinheiro, conseguido ilicitamente, para financiar suas campanhas é fácil. Alguns conseguem eleger filhos, netos, sobrinhos e apadrinhados para aumentarem suas áreas de atuação e, com isso, canalizarem mais dinheiro para suas contas bancárias aumentando ainda mais seu poder e influência.
O que aconteceu no DF acontece todos os dias em todos os lugares do país. Nós não temos conhecimento desses outros fatos porque a grande imprensa, na maioria das vezes, não divulga. A grande mídia ocupa-se de grandes personalidades, de grandes escândalos. Mas, tudo começa nas Câmaras de Vereadores passando pelas Assembleias Legislativas, pelo Congresso Nacional e pelos palácios dos governos.
Todos sabemos que ninguém enriquece de uma hora para outra. E temos visto ao longo dos anos um sem número de políticos que tornaram-se milionários, possuídores de fazendas, carros de luxo, aviões, mansões e até castelo. Como se constrói um patrimônio desse porte em pouco tempo, senão praticando atos ilícitos?
Que a corupção é uma desgraça para o país é um fato. Que precisamos fazer alguma coisa para contê-la, é outro fato. Como fazer isso, é uma incógnita. Afinal, essa é uma questão cultural.
Só com uma nova escola, com um novo sentido de PÁTRIA, de Nação incutidos na mente da juventude brasileira poderemos algum dia chegar a um país mais digno, mais sério, menos corrupto. Sim. Porque a corrupção não existe somente no meio político. Ela está no seio da família, nas relações de trabalho e em todos os demais setores da sociedade. Grande parte dos cidadãos comuns que execram os políticos quando são pegos com dinheiro na meia, com dinheiro na cueca já praticou ou pratica a corrupção. De que maneira? Pedindo emprego nas prefeituras, nas empresas públicas, pedindo saco de cimento, pedindo tijolo, pedindo remédio, aceitando dinheiro para votar... Tudo isso é corrupção. Em menor escala. Mas é corrupção.
Como disse antes, a corrupção está arraigada no seio da sociedade brasileira.
Será preciso um grande trabalho de reeducação do cidadão, de reconstrução dos patrimônios moral, ético e cívico para forjarmos uma nova postura de respeito ao erário público, de dignidade política e de responsabilidade social. Sem isso, qualquer palavra, qualquer gesto será vazio, inócuo. Porque o que falta em nós é BRASILIDADE e PATRIOTISMO.

REALIDADES

Quem sou eu? Quem é voce? Quem somos, afinal?

São perguntas que talvez devamos nos fazer nos dias atuais.

Por quê?

Explico: Se olharmos bem cada pessoa que conhecemos, cada pessoa que vemos pelas ruas provavelmente encontraremos em muitas delas alguma semelhança conosco. Isso é fruto da miscigenação que resultou na grande Nação brasileira. Temos laços de sangue em todos os cantos desse país. Somos um pouco negros, um pouco brancos, um pouco índios... Assim, somos todos irmãos e componentes de uma grande família, a família brasileira. Mas, é isso mesmo que somos? Temos esse sentimento de irmandade cotidianamente? Temos mesmo afinidades com todas as outras pessoas? Realmente nos importamos com suas vidas, com suas situações econômicas e sociais, com o presente e o futuro de cada uma delas? Temos feito nosssa parte para minimizar o sofrimento de tanta gente desprovida até de dignidade humana? Ou ficamos alheios a sua história, às suas dores, fechados em nosso próprio mundo para não vermos tantas misérias, para não compartilharmos suas agonias? Será que enviar donativos ou alimentar um mendigo são atitudes suficientes para nos tornar humanos? Podemos nos auto intitular pessoas sensíveis apenas por tais gestos?

Quem somos, afinal?

Somos as mesmas pessoas que sempre fomos. É que estamos nos acostumando a ver e viver tantas desgraças, tantas misérias que já não temos parâmetros para nos guiar. Passamos por pessoas caídas nas ruas e o primeiro pensamento que temos é: “deve estar bêbada”. Se vemos um pedinte já fazemos uma curva e nos desviamos da mão estendida para evitar a esmola e também que nos toque. Alguém grita por socorro e nossa atitude mais coerente é nos esconder para fugirmos ao perigo de uma bala perdida, ou de testemunhar um crime e nos transformar na próxima vítima. Nessas horas somos sós no mundo. Não temos pai, não temos mãe, não temos irmãos. Ainda nos arriscamos um pouco pelos nossos filhos, nada mais. Ninguém vale o risco.
É isso que somos? Covardes? Omissos? Desesperançados?
E onde fica a “GRANDE NAÇÃO BRASILEIRA”?

Existe nação sem haver sentimento que una as pessoas? Pode um povo ser grande sem ter interesses comuns? Pode alguém vivendo alheio a tudo dizer que faz parte de uma nação?

É claro que não. Cada pessoa tem o direito e o dever de participar da vida da nação a que pertence. E, isso começa pelo direito a vida e ao reconhecimento da sua condição de ser humano. Por isso é fundamental que cada um de nos compreenda sua função social no grupo a que pertence. Primeiro na família, depois na rua onde reside, no bairro, no município, no Estado e finalmente no país. Isso, passando pela escola, pelo trabalho, pelo convívio religioso para citar apenas algumas das situações com que nos deparamos ao longo da vida.

Então o que somos, afinal? Parte de um todo ou individualistas? Componentes de um povo ou alguém que vive para um mundo pessoal, circunscrito a um universo particular?

Existem pelo menos três realidades: a primeira tem a face da dor, as rugas da fome, o olhar desesperado de quem não conhece futuro, o corpo dos despossuídos, o cansaço de quem precisa madrugar para não amargar a morte. Essa é a cara de milhões de brasileiros de todos os rincões desse país. Gente que trabalha arduamente para sobreviver, que pouco ou nada dorme, que come mal, que veste mal, que tem suas casas em malocas, em favelas, em comunidades carentes dos sertões nordestinos ou em regiões ribeirinhas do norte. Todo esse contingente soma mais de sessenta milhões de pessoas das quais metade vive em estado de miséria absoluta. Não há muita diferença entre quem vive nas favelas do RJ, de SP, de MG e esses outros brasileiros. Lá eles convivem com a fome, com a seca, com a falta de infra estrutura de transporte, com a falta de saúde, com a falta de escolas. Aqui, temos a violência urbana crescente, a falta de estrutura de atendimento a saúde, a falta de boas condições de transporte, a angustia causada pelo excesso de obrigações e pela necessidade de adquação a uma situação social perversa, mortal: a competição. Desse modo, viver não é um ato natural e sim um exercício mecânico e diário pela manutenção da vida.

A maioria de nós prefere não conhecer essa realidade e finge que ela não existe. É como um bom filme de suspense: nos assusta quando vemos e nos faz parecer importantes quando o comentamos. Nada além disso. Não faz parte do nosso mundo. Para quê saber de crianças que morrem desnutridas, de pessoas que trabalham nas lavouras de cana e não ganham sequer o suficiente para comer? Para que saber que existem choupanas no semi-árido nordestino e no sertão pernambucano onde vivem(?) famílias que comem cacto e algumas raízes venenosas para não morrerem de fome? Para que pensar em mudar a vida de uma gente que sequer fazemos questão de saber que existe? Aliás, será que tudo isso é mesmo verdade? Ou será que estou pintando um quadro negro demais para nosso país?

Voce pode se perguntar essas coisas. Mas não pode deixar de investigar, de ler sobre esses fatos, de inteirar-se sobre tal realidade. Ela existe e é bem pior do que estou descrevendo. Só que não aparece nas novelas da TV, nos programas de auditórios, nos filmes e discursos “politicamente corretos” que defendem o meio ambiente e esquecem o bem maior do universo: o homem.

A segunda realidade é a que voce conhece: uma rotina de trabalho cansativo na esperança de construir um sonho, de ter uma família, um lar. Nessa construção empregamos todos os nosso esforços e pagamos caro por cada conquista. Trabalhamos quatro meses por ano somente para pagar impostos. Do que nos sobra temos que comer e vestir, pagar todas as demais despesas e investir em uma casa, objetivo maior de todos nós. É uma corrida contra o tempo. A cada dia ficamos mais velhos, mais fracos; porém não desanimamos. Seguimos lutando para conquistar nossa medalha. Temos sorte. Somos privilegiados. Somos classe média. Temos emprego, temos futuro. Não temos certeza se vamos chegar ao futuro com tantas balas perdidas, com tantos assaltos, com tantas armas atirando em todos os lugares, com tanto descaso. Mas resistimos esperando que alguma coisa aconteça para melhorar nossas condições de vida. Ainda acreditamos no amanhã. Ainda lutamos pelo amanhã.

A terceira ralidade conhecemos de ver na TV, nos jornais. É a realidade dos nossos políticos. Para eles tudo está bem. Todos têm os cabelos bem arrumados, os ternos impecáveis, os sorrisos mais polidos possível, os rostos parecendo de cera de tão lisos e cuidados. Não moram em áreas de risco, não viajam de ônibus pelas vias esburacadas, não frequentam os trens lotados de trabalhadores cansados e suados, não vivem as misérias comuns a todos nos outros. O mundo deles é restrito, farto, profícuo. Seu árduo labor nos parece mentira, suas mentiras nos parecem verdades. Suas vidas são irreais para a maioria de nós e inimagináveis para todos os demais. Sequer sabemos o que fazem, por que fazem, para que fazem, como fazem. Sabemos que eles existem; votamos neles durante dez, vinte, trinta anos. É tudo o que sabemos deles além do que sai nos jornais. Por isso, nos parecem tão distantes, endeusados nos seus castelos, nos seus palácios com tronos cobertos de veludo.

Essa terceira realidade existe desde os tempo remotos. Sempre houve senhores e escravos, reis e súditos, governantes e governados. E aqui no nosso Brasil não é diferente. Por mais democracia que tenhamos a distancia entre ricos e pobres é um oceano. E quem é rico não está preocupado com pobre algum. Quer apenas manter e aumentar sua riqueza, sua influência, seu poder. Para tal utiliza todos os artifícios e argumentos possíveis. Discursa como profeta de Deus e recolhe os lucros como como tesoureiros do demo. Une-se aos legisladores e governantes para produzirem mecanismos legais que os protejam com a finalidade única de usufruírem dos bens públicos por mais tempo. Muitos tornam-se também políticos para mais influenciarem nas questões que lhes dizem respeito. Desse modo o país fica entregue a essa gente de sorriso fácil e de palavras incompreensíveis para a maioria de nós.

Não podemos generalizar. Existe muita gente digna no meio politico brasileiro. É bem verdade que essas pessoas pouco aparecem na mídia. Mas também fazem parte dessa terceira realidade. Aliás, para os frequentadores dessa realidade parece não haver lei. Ao menos não a mesma lei que há para todos nós das outras realidades. Colocam-se acima da lei e a burlam com maestria fugindo às punições comuns a qualquer de nós. São imunes. Talvez seja por isso que eles sorriem tanto diante das câmeras de TV.

Agora que já conhecemos as três realidades do povo brasileiro, volto a perguntar: quem sou eu? Quem e voce? Quem somos nos?

Somos parte de uma grande nação ou somos indivíduos fechados em nossos mundos pessoais? Até quando poderemos viver alheios as outras realidades que nos cercam? Estamos seguros de que temos futuro? A vida dos nossos vizinhos, dos nossos amigos, dos nossos conhecidos não tem influência na nossa vida nem a nossa na deles? Estamos isolados? E os nossos (mesmos) políticos? O que será de nós se continuarmos em suas mãos por mais dez, vinte anos sem nos manifestarmos? Não será hora de tomarmos outras atitudes como fiscalizar melhor a atuação de cada um deles? Não será o momento de pedirmos contas de todos os seus atos? São dignos representantes seus? Voce e eu estamos satisfeitos com seu trabalho?

Saiba de uma coisa: se há jovens sem futuro nesse país, se há velhos morrendo nas filas dos hospitais, se há trabalhadores sobrevivendo a custa de muito esforço, se há tantas diferenças regionais, se há mães chorando a morte prematura dos filhos, se a violência já alcançou voce, se voce está tão sujeito a violência como qualquer de nós a culpa é sua e minha. A culpa é de todos nós que sempre aceitamos as coisas como definitivas. E nada, além da morte, é definitivo nessa vida. Todos temos o direito e o dever de lutar, de protestar, de pensar que um dia tudo pode estar melhor.

Se perdermos a fé perderemos a esperança. E, se perdermos a esperança nos tornaremos frios e insensíveis, indignos de sermos chamados seres humanos.

Pense nisso.

CIDADE SITIADA



Os acontecimentos dos últimos dias deixam no ar uma pergunta: Para onde vamos?
Refletir sobre essa indagação tem sido um exercício diário para grande parte da população do nosso estado. E não adiantam as promessas dos políticos, os comerciais sobre a conquista das olimpíadas para a cidade do Rio de Janeiro, as inúmeras entrevistas do secretário de segurança pública (ou de insegurança pública) e do governador. O cidadão do RJ quer justiça e paz. Justiça que garanta os direitos comuns a todos, que julgue os infratores com equidade, e paz para trabalhar e construir o futuro que, hoje mais que nunca, nos parece incerto.
Não basta enviar helicópteros, homens e fuzis às favelas e atirar contra traficantes de drogas, não basta prender, matar, punir os delinqüentes. É preciso mais que isso!
É preciso plantar no seio da sociedade fluminense e brasileira a semente da confiança no Estado, na justiça, nos poderes instituídos. E, como se pode conseguir tal coisa sem expurgar as câmaras de vereadores, as assembléias legislativas e o Congresso Nacional desse ranço de corrupção e impunidade com o qual convivemos há décadas?
É mito fácil falar em enfrentamento, em crescimento, em desenvolvimento. Difícil é conseguir que o cidadão pagador de impostos e instituição maior dessa nação continue vivo e acreditando em futuro. A violência está batendo à porta de qualquer um de nós. E não somente nas grandes cidades, mas até em médias e pequenas cidades do interior do Estado e do país.
Tudo isso é resultado do descaso com que a segurança pública é tratada no Brasil há muitos anos. Não é só porque existem favelas que existe trafico de drogas e traficantes. Mas as favelas são um reduto inexpugnável para quem vive de atividades criminosas; pois são construídas, geralmente, em morros e o posicionamento dos barracos e casas formam vielas de difícil acesso para os próprios moradores, quanto mais para a força policial. Entretanto, não haveria favelas se o poder público, na pessoa dos prefeitos e vereadores tivesse o cuidado de ordenar o crescimento urbano promovendo o surgimento de bairros residenciais organizados e servidos dos meios assistenciais necessários a qualquer pessoa que pretenda uma vida digna.
Mas, as favelas estão aí.
E as armas grosso calibre, como chegam às mãos dos traficantes no alto do morro?
Aqui no Estado do Rio não produzimos tais armamentos. Certamente ele é trazido através das fronteiras internacionais por terra, mar ou ar. E quem tem obrigação de combater o tráfico de armas é a polícia federal e o ministério da justiça. Ou seja, o governo federal. E temos visto isso? Se houvesse uma vigilância efetiva nas fronteiras brasileiras e rigor na aplicação das leis não veríamos tantos fuzís e metralhadoras nas mãos dos bandidos cariocas.
Portanto, a violência é fruto do descaso e inoperância das três esferas do poder público brasileiro. E nenhuma ação coercitiva que não seja planejada minuciosamente, que não seja apoiada por ações estratégicas do governo com políticas de reeducação da população juvenil, ressocialização daqueles que tem perspectiva de deixar a criminalidade, redistribuição de rendas, amparo ao trabalhador para que ele tenha condições de dar aos seus filhos um lar estável, escolas com turno integral para oferecer as crianças e adolescentes atividades cívicas e extra classe, repito: nenhuma ação que não seja nesse nível poderá dar resultados efetivos. Poderá sim nos dar muito mais mortos e render muitas páginas no noticiário para nossos pretensos líderes.
E para onde vamos?
Nenhum de nós sabe a resposta.
Estamos vivendo um período da nossa história caracterizado pelo fenômeno da duplicidade. Isso mesmo: existem dois paises dentro de um só, existem duas realidades dentro do mesmo país, existem duas realidades dentro do Rio de Janeiro, existem duas caras na maioria dos nossos políticos. Somente assim se explica a euforia de um grupo de pessoas que parecem viver em um mundo paralelo. Uma gente que parece não perceber o caos estabelecido, que parece não se importar com o sofrimento diário de milhões de cidadãos, apavorados e desnorteados com a violência, com degradação da vida urbana.
Para onde vamos?
Será que ainda há esperança de futuro para nós?

FRASES SOLTAS

"Viver é exercitar o amor, quotidianamente, em tudo o que fazemos".

"É preciso conhecer o passado, trabalhar o presente e planejar o futuro. Sem isso, não há esperança para a humanidade".

O CORONELISMO MODERNO E O CORONELISMO URBANO





Podemos encontrar nos livros de historia do Brasil fartas referências a um período republicano onde a figura dos coronéis era de grande importância política. Eles eram proprietários de terras, senhores de engenho, pessoas de grande influencia regional e que guardavam estreitos laços com o poder publico. Controlavam os habitantes das “suas” cidades e das áreas vizinhas usando, muitas vezes a forca e a coação psicológica para obriga-los a votar nos candidatos que apadrinhavam ou que indicavam. Tamanha era a autoridade desses homens que os governadores faziam “vista grossa” para os seus abusos e desmandos dentro das suas áreas de dominação de tal modo que muitas vezes a palavra de um deles era a lei mais presente na sociedade local. Havia conflitos de interesse entre coronéis. Mas, de modo geral firmavam acordos que mantinha alguma estabilidade política regional. Quando não havia consenso as questões eram resolvidas pelos jagunços e pistoleiros que matavam o desafeto e expulsava os remanescentes da família.

Esse tipo de dominação marcou época nos primeiros anos da nossa historia republicana porque os governadores precisavam dos coronéis para eleger seus correligionários e os coronéis precisavam dos governadores para manter sob controle o poder local e sua própria influencia. Assim, era comum ver filhos, sobrinhos, netos sucedendo os pais, os tios, os avós na vida publica para prolongar o processo. Os votos sempre eram comprados, com empregos, doação de terra, doação de remédio, de comida, de vestuário e mesmo dinheiro em espécie. Nenhuma possibilidade era desprezada. Todos os esforços eram validos e os resultados garantidos.

Hoje, a figura dos coronéis (declarados) se restringe às paginas dos livros e aos registros documentais nacionais. Entretanto, podemos encontrar em muitos dos nossos estados, em muitas das nossas cidades pessoas que agem como os antigos coronéis usando de todos os meios possíveis para dominar, para influenciar, para manter nas suas mãos e nas dos seus familiares o poder político. De norte a sul do Brasil, de leste a oeste, vamos encontrar o filho, a esposa, o sobrinho ou qualquer outro parente de políticos exercendo cargo eletivo ou publico.

Como e por que isso acontece?

A resposta e simples: o uso do sobrenome político é garantia de voto ou de indicação para cargos comissionados. Esse modelo de participação na vida publica faz surgir entre nós verdadeiros clãs que dominam e gerem com mão de ferro o campo político brasileiro impedindo a renovação das Câmaras e Assembléias Legislativas e do próprio Congresso Nacional. E por isso que hoje carecemos de pessoas de expressão para concorrer aos cargos eletivos nas cidades, nos estados e no país. A maioria dos nossos políticos estão na vida pública há vinte, trinta ou mais anos e já colocaram seus filhos e netos para perpetuarem seu poder.

Desse modo não há mudança de pensamento, de ideologia, porque os filhos, no geral seguem a linha política dos pais, dos seus mentores para não deixar os benefícios conseguidos escaparem do seu círculo de influência.

No Brasil atual existem municípios e estados onde o poder político é exercido por famílias que se alternam no governo. Existem famílias que tem deputados, prefeitos, vereadores e ate senadores. Ou sejam, estão presentes em todos os setores da vida pública dominando e concentrando o poder cada vez mais.

Isso impede a renovação política porque essas famílias também dominam o poder político dentro dos partidos. Assim, interferem no processo de escolha dos candidatos aglutinando mais poder e segregando quem se posiciona contra.

O exercício político é direito de todos e essa concentração de poder em mãos de famílias faz surgir o que chamo aqui de modernos coronéis que são aqueles que agem mais no interior do país. Os que estão presentes nas grandes cidades chamo de coronéis urbanos. Ambos empregam os mesmos métodos de troca de favores, de manipulação do eleitorado e o paternalismo. Ambos tem uma imagem pública e outra privada que usam com maestria, dependendo da necessidade ou da câmera de TV que os esteja filmando. Nisso diferem dos antigos coronéis, homens cujo caráter e conduta eram postos a público para forjar o respeito pretendido. Os coronéis dos nossos dias são demagogos e dissimulados, mais inclinados ao discurso do que a ação.

O povo brasileiro precisa se dar conta de que nossas cidades e nossos estados estão sendo transformados em “grandes propriedades” onde algumas famílias mandam e todos os demais se submetem. Isso não é democracia.

O poder público não pode ser dominado por grupos familiares, pois assim corremos o risco de ver o que pertence a todos ser tratado como coisa particular. Alem disso, há a possibilidade de aumento da corrupção, das leis serem cada vez mais injustas (por serem feitas em benefício de uns poucos) e da justiça social ficar mais longe do povo.

O cidadão brasileiro precisa ficar atento. Os grupos familiares estão se multiplicando na política brasileira com uma rapidez impressionante. Seguindo nessa velocidade dentro em pouco não teremos mais pessoas nos cargos públicos e sim famílias.

Agora reflitamos: se já é difícil tirar um corrupto do poder, muito mais ainda será tentar retirar todo um grupo familiar, não é mesmo?

FRASE SOLTA

“Se perdemos a fé, perderemos a esperança.
Se perdemos a esperança nos tornaremos frios e insensíveis,
indignos de sermos chamados seres humanos”.

ESTADO VORAZ X CIDADAO DESILUDIDO


É duro ver como o Estado Brasileiro cada vez mais vorazmente se apropria dos bens dos cidadãos. Seja com aumento de impostos e taxas ou criação de novos impostos tais como CPMF, (seja lá que nome vão lhe dar após a ressurreição!) e agora o imposto sobre os ganhos da caderneta de poupança. Não importa se a maioria da população não tem cinqüenta mil reais guardados nela; o que vale é que ela, a caderneta de poupança, atravessou décadas de turbulências na história do Brasil sem nunca deixar de financiar projetos sociais. E a segurança dos poupadores sempre foi a garantia de que o governo não mexeria nos seus rendimentos, mantendo uma carteira de clientes fiéis e confiantes em regras consolidadas ao longo de muitos anos.
Agora, esse governo democrático, legitimamente eleito pelo povo e oriundo da classe trabalhadora vem propor a taxação dos ganhos da caderneta de poupança. Não sei qual justificativa ele tem para tal ato, uma vez que a arrecadação nacional cresce ano após ano e, se nesse ano de 2009 houve alguma queda, não será tributando a caderneta de poupança que o governo encontrará saída.
Como brasileiro e cidadão comum que sou, e trabalhador fico estarrecido com o apetite voraz do Estado brasileiro sempre pronto, feito uma ave de rapina, a arrancar de cada um de nós até o que não temos.
Não importa que nome se dê àquilo que eles chamam de contribuição, nem tampouco as desculpas para criá-las. É uma vergonha que em um país onde milhares de crianças perambulam pelas ruas das grandes cidades (e até em algumas do interior) sem ter quem as socorra, onde grande parte da população não tem saneamento básico, onde milhões de idosos e aposentados sofrem nas filas dos postos de saúde e hospitais, onde quase todo o contingente de jovens não vê futuro profissional por falta de políticas públicas de geração de emprego e qualificação para pessoas de baixa renda, onde milhares de pessoas morrem atingidas por balas perdidas, vítimas da violência urbana desenfreada ou vítimas de graves acidentes de transito por falta de condições de dirigibilidade da malha viária brasileira, é uma vergonha, repito, que o Estado só pense em aumentar a carga tributária! E esse governo, mais que qualquer outro deveria zelar pelos direitos do cidadão comum para mantê-los intocáveis. Afinal, para isso ele foi eleito. Além do que, penalizar o povo trabalhador por seus gastos excessivos ou fazer o cidadão pagar a conta da corrupção e dos desvios cometidos em cada um desses anos é, no mínimo, injusto.
O que o Estado brasileiro precisa fazer é desonerar as pequenas e médias empresas, facilitar o crédito para esses empreendedores e criar benefícios fiscais para criação de novas empresas fora dos grandes centros de maneira a desinchar as cidades e fixar o trabalhador em seu lugar de origem. Expandir a capacidade produtiva e melhorar o produto final através da qualificação da mão-de-obra. Essas são formas simples de produzir riquezas e aumentar a arrecadação. Tamanha ousadia e iniciativa, sim, seriam dignas de aplauso e reconhecimento da história.

CONSCIENCIA POLITICA I



VOCE SABE O QUE E SER VEREADOR?
Vereadores sao pessoas eleitas dentre os moradores de um município para os representar na camara municipal durante os atos que exijam a participação da sociedade. Como não seria possível a presença de todas as pessoas na mesma hora e no mesmo lugar, elege-se algumas dessas pessoas para estar lá defendendo os interesses de todos, em nome de todos. Isso quer dizer que o que essas pessoas decidirem será com o consentimento de toda a sociedade e será como se todos tivessem a mesma opinião acerca do assunto decidido.
QUAIS AS PRINCIPAIS FUNCOES DE UM VEREADOR?
A mais importante de todas é fiscalizar o trabalho do executivo, aprovando ou reprovando as contas e os atos do prefeito. Ou seja, se o dinheiro é gasto em coisas de pouca importancia para a população os vereadores tem o direito, o dever e o poder de exigir que passe a ser utilizado em obras públicas revelantes para todos.
Quando um prefeito entra e sai do cargo sem construir escolas, hospitais, postos de saúde; sem asfaltar ruas, sem promover saneamento básico é porque os vereadores foram coniventes com ele deixando de ser nossos representantes para “lucrar em proveito próprio”. Isso acontece sempre. Muitos prefeitos “compram” os vereadores para poderem fazer o que querem com o dinheiro público sem interferencia de ninguém.
São tambem funções dos vereadores legislar sobre aumento de impostos e taxas municipais como IPTU, Taxa de iluminação pública, preço das passagens dos transportes coletivos dentre outros. Nesse caso os vereadores tambem sao “vilões”. Quando as tarifas são aumentadas é porque prefeito e vereadores fizeram isso juntos. Mas, os vereadores podem impedir tais aumentos, se quiserem.
Diga-me um coisa: é justo votar e eleger uma pessoa para nos representar, para defender nossos direitos e depois ve-lo virar-nos as costas e associar-se a outras pessoas para legislar em benefício próprio?
A falta de saneamento básico, a falta de escolas de primeiro e segundo graus, a falta de bons hospitais, a falta de asfalto nas ruas, a falta de transporte eficiente com qualidade e preço justo não é culpa apenas dos prefeitos. Todos os vereadores que já foram eleitos são co-responsáveis por omitirem-se ou por serem coniventes com os atos irresponsáveis e levianos praticados pelo executivo na pessoa do prefeito e seus secretários. Na verdade os vereadores não fizeram o trabalho para que foram eleitos: nos representar e fiscalizar o uso do “nosso dinheiro” para que fosse empregado em benefício de toda a sociedade.

O QUE TODO CIDADÃO DEVE SABER

1 - O QUE E PREFEITURA MUNICIPAL?
Prefeitura municipal é a sede do poder executivo de um município. É onde geralmente ficam o prefeito, que é o chefe do poder executivo e os secretários municipais. Na maioria das cidades brasileiras as secretarias são instaladas em prédios próximos às prefeituras.
2 - O QUE E SER PREFEITO?
`E alguém que foi escolhido para exercer o cargo executivo municipal durante o mandato que é de quatro anos. O prefeito é o administrador, o gerente do município. É alguém a quem entregamos nosso dinheiro através dos impostos, taxas e dos recursos oriundos dos fundos sociais estaduais e federal. Todo esse dinheiro deve ser usado conforme nossas necessidades. O prefeito tem a obrigação de investir quantias determinadas em saneamento básico, na construção e manutenção de escolas, de hospitais, de postos de saúde, de creches, de áreas de lazer bem como no pagamento dos servidores públicos necessários ao funcionamento da estrutura municipal: medicos, professores, enfermeiros, engenheiros, garis, pessoal da administração...
Portanto, asfaltar ruas, construir e reformar escolas, hospitais, prédios públicos não é função de vereadores nem de deputados; é obrigação e dever do prefeito. O máximo que um deputado ou vereador pode e deve fazer é pedir ao prefeito que realize uma ou outra obra.
O prefeito é a pessoa que recebe, guarda e administra nosso dinheiro. Então o prefeito não pode ser qualquer um. Precisa ser alguém idôneo, sério, responsável, digno da confiança de todos os seus concidadãos. Mas será que temos escolhido as pessoas certas?
Qual de nós, por menos instruídos que sejamos, temos coragem de entregar nosso dinheiro e a administração da nossa casa a um ladrão, a um elemento suspeito?
Nenhum de nos.
Se não somos tolos de receber em nossas casas pessoas desse tipo, muito menos temos o direito de entregar a administração e a riqueza de nossa cidade nas mãos de alguém irresponsável, indigno de nossa confiança. Por isso, precisamos fazer a melhor escolha sempre, observando a vida dos candidatos e suas relações pessoais antes de lhes darmos nossos votos de confiança.
Se não fizermos assim, como poderemos cobrar-lhes depois?

3 - O QUE E CAMARA MUNICIPAL?
É a sede do poder legislativo municipal. É onde ficam os vereadores. Legislar significa fazer leis.
4 - O QUE E SER VEREADOR?
É ser escolhido dentre um grupo de pessoas residem em uma comunidade para legislar no ambito municipal. Ou seja, fazer leis que promovam o bem-estar de toda a população de uma cidade.
5 – QUAIS SAO ESSAS LEIS?
As principais leis produzidas na camara municipal são as leis que dizem respeito aos atos do executivo. O prefeito, que é o administrador do dinheiro público no municipio, precisa que os vereadores aprovem seus atos e suas despesas. Alem disso os vereadores criam e aumentam os valores dos impostos e taxas municipais.
6 – DE QUE MODO ISSO E FEITO?
É simples: todo prefeito tem que gastar o dinheiro público em obras públicas e são os vereadores que concordam ou não com as despesas feitas.
7 – QUAL O CRITERIO USADO PELOS VEREADORES NA APROVACAO OU NAO DAS CONTAS DO PREFEITO?
Existe uma lei maior em cada município chamada LEI ORGÂNICA MUNICIPAL que estabelece os percentuais, a quantidade de dinheiro, a serem aplicados em saúde, educação, cultura, esportes, etc.. Essa lei não pode ser descumprida.
Acontece que na maioria das vezes o prefeito pega o dinheiro da saúde e da educação e gasta em outras coisas como por exemplo para pagar funcionários. Nesse caso estão ocorrendo dois crimes graves: o descumprimento da lei e a corrupção.
8 – COMO ISSO ACONTECE?
Em todos os lugares do Brasil os políticos eleitos costumam dar emprego a centenas de pessoas. Fazem isso não para ver melhorar as condições de vida dessas pessoas, mas para garantir que lhes darão seus votos nas eleições futuras; porque quem consegue um emprego fica “devedor” do político e por toda a vida cultivará um certo sentimento de gratidão por ele, transformando-se em “cabo eleitoral” junto à família e aos amigos. Para o político é fácil e um ótimo negócio dar emprego: quem paga o salário é o povo e quem lucra é o político.
Essa prática é criminosa pois quanto mais funcionários recebendo salários menos dinheiro sobra para investir em obras. E, os vereadores, quase sempre beneficiados pelo prefeito aprovam as contas em troca de mais cargos para seus eleitores. Isso faz com que cada vez mais se precise aumentar impostos e taxas para gerar mais recursos para pagar os servidores públicos e sobrar algum para realizar obras. O resultado de tudo isso é que o povo vai ficando mais pobre e tendo cada vez mais dificudades para receber do poder público o retorno devido. Por isso é que sofremos a lama e o lixo, a falta de bons hospitais e ensino de qualidade dentre outros benefícios. O pior de tudo é que esses vereadores e prefeitos logo se transformam em deputados e passam a fazer a mesma coisa, em maiores proporções, no poder estadual e até federal aumentando a miséria de toda a nação e gerando altos índices de corrupção.
Por tudo isso é que devemos averiguar a vida dos candidatos antes de lhes darmos nossos votos. Depois, geralmente, é tarde demais para nos arrependermos.
A violência que vivemos nos dias atuais também é fruto da corrupão política e dos abusos praticados pelos detentores do poder em todas as esferas. Os maus exemplos dados pelas pessoas que deveriam zelar pela ordem publica e pela justica provocam uma sensacao de impunidade crescente. Ao mesmo tempo o poder instituido, com seus vicios e corrupcao marginalizam a sociedade impingindo-lhe duras penas enquanto praticam e se beneficiam da impunidade.
Vereador bom é aquele que não dá emprego, que não faz acordo com prefeito, que cumpre seu dever para com o eleitor. Legisla e fiscaliza as contas e o trabalho do prefeito em benefício de toda a população.

VIOLENCIA URBANA NO RJ

Hoje, mais uma vez fiquei estarrecido ao ver o noticiário policial em um desses jornais televisivos matinais. A violência tem assumido uma forma tão flagrante que é mais fácil encontrá-la do que boas ações. Todos os dias sabemos de várias mortes por tiros disparados por armas de grossos calibres, não importa quem as está portando, se policiais ou bandidos. Importa a frequencia com que são usadas e as pessoas que estão sendo por elas vítimadas. Morrem bandidos e morrem policiais. Mas morrem tambem pessoas que nada deveriam ter com essa guerra instalada dentro da sociedade carioca e brasileira. São crianças, jovens e adultos que sonham com algum futuro e que têm o curso da vida interrompido bruscamente por um bala perdida, ou achada em qualquer rua, dentro ou fora do abrigo do lar. A situação está tão crítica que no Rio de Janeiro e em outras grandes cidades brasileiras constitui-se risco de morte possuir um carro novo, morar em uma boa casa, vestir roupas de marca, usar óculos, relógio, pulseira, cordões... Qualquer dia desses não se poderá mais sair de casa. E ninguém faz nada para coibir o estado de violência e morte que se abateu sobre nós. O Estado parece impotente ou insensível diante de tamanha desordem. Se há algum confronto direto manda a polícia para, usando da mesma violência, mas de maneira institucionalizada, combater e reprimir o crime organizado. Aliás, talvez seja o caso de o Estado constitucional aprender com os criminosos; porque o crime “organizado” tem se mantido no poder por trinta anos sem ser abalado de forma contundente. É certo que morrem líderes e soldados. Entretanto a cabeça do crime mantèm-se sóbria, fomentando novas ações e estendendo seus tentáculos cada vez mais longe e mais profundamente no seio da sociedade brasileira. Enquanto isso, o Estado legal com ações pífias vê-se desorientado, forçado a responder na medida que lhes permitem os instrumentos legais e a conveniencia política (muitas vezes mais essa do que aquele). E a violencia cresce a olhos vistos. E o crime vai penetrando na política, nos tribunais, na administração pública.
Sempre digo que “nenhum governante muda (prá melhor) a vida de uma nação”; porque isso não convém ao poder estabelecido. Só o próprio povo pode produzir melhorias em uma sociedade. Para isso precisa consturir uma consciencia social do que é ser cidadão, do que é ser comunidade. Hoje chamam de comunidade o que antes era chamado de favela para dar uma aparencia menos agressiva, menos hostil a um pedaço da sociedade que foi esquecido pelo poder público. Mas, comunidade é sinonimo de coisa comum e não de um grupo de pessoas confinadas em um espaço físico geográfico. As favelas são um fato social desagradável e por mais maquiagem que se ponha nelas serão sempre vistas como antro de criminosos, locais de venda de entorpecentes e de gente discriminada. Quem diz o contrário é, no mínimo demagogo, hipócrita. Não importa quanta gente de bem viva nas favelas, quantos trabalhadores honestos, quantas mães e donas de casa, quantas crianças sonhadoras. Todos são nivelados por baixo e quando as portas são chutadas todos são bandidos até que provem o contrário! É como uma cicatriz. Todos estranham quando olham, causa asco mas todos se acostumam com ela. E seu possuidor sente-se diferente, inferiorizado, humilhado por sua condição. Mas se nada pode fazer para mudar...
É essa distorção entre as realidades que produz a violencia urbana. E o Estado que parece cego não percebe que não existirá saída para essa tal situação senão pela educação, pela saúde pública, pela reorganização do espaço urbano, pela reestruturação dos mecanismos sociais de amparo aos menos assistidos envolvendo parcerias com a iniciatiiva privada, com grandes empresas. Uma outra coisa é promover o restabelecimento da confiança do cidadão nos organismos de segurança do Estado. Porque hoje quase ninguém confia na polícia e poucos são os que acreditam na justiça. É preciso pavimentar a estrada da confiança para que o cidadão sinta-se garantido ao denunciar os iliciitos sofridos. Hoje não é assim. Uma pessoa que registra um boletim de ocorrencia tem o endereço e a identidade conhecida por aqueles que lhe causaram dano. Por isso o cidadão comum só procura a polícia em último caso. É preciso ser mesmo uma coisa muito séria.
E assim as manchetes vão preenchendo as páginas dos jornais, os noticiários das tv´s e rendendo lucros financeiros e status aos profissionais da mídia enquanto o povo corre de lado a outro sem saber de onde vêm os tiros ou para onde devam fugir para manter a vida. É um caos estabelecido.
Precisamos fazer alguma coisa por nós mesmos! Precisamos soltar um grito de: BASTA! Precisamos começar a exigir respeito das pessoas que nos governam e que deveriam zelar por nossas vidas e nossa segurança para ver se os acordamos, se ao menos os incomodamos!
Se não fizermos isso corremos um sério risco de sermos as próximas vítimas em qualquer sinal de trânsito, em uma esquina escura ou até mesmo dentro da nossa casa. Depois viramos estatística, um sinal em alguma planilha eletrônica para explicar, com sorrisos dissimulados, os “progessos” conseguidos por um determinado governo. Mais que isso, só as lágrimas e a indignação dos nossos familiares e amigos inconformados com nosso destino.

DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS

Estamos em véspera de ano eleitoral e em plena campanha presidencial, embora ilegal por estar fora do prazo. Isso deixa claro que o poder é o poder e quem o detém faz o que bem quer com os demais. Por isso é bom estarmos atentos aos desmando, aos nomes da "moda", aos "donos do poder" para lembrarmos de os deixar de fora no próximo pleito senão corremos o risco de sofrermos os mesmos abusos de sempre. E olha que esse "sempre" equivale a mais de cento e cinquenta anos de história! Isso é um absurdo!
Aproveitemos para olhar as fisionomias bem cuidadas e plásticas dos nossos políticcos. Aparecem nas reportagens de tv como verdadeiras personalidades públicas, respeitáveis, idôneas, acima de qualquer suspeita. "Nenhum dos nossos políticos jamais se envolveu em falcatruas, em corrupção. No máximo foram envolvidos em algum mal entendido". Isso é o que dizem sempre. E nós acreditamos. E eles vão continuando no poder e legislando em causa própria, enriquecendo, dividindo os lucros entre si enquanto o povo continua sobrevivendo às balas perdidas, à falta de sáude pública, à falta de saneamento, à falta de emprego e de perspectiva de futuro.
Talvez seja a hora de nos perguntarmos o que será de nós daqui há dez anos, vinte anos. E nos perguntarmos também que país vamos deixar para nossos filhos.
Se nossos pais não puderam nos legar nada melhor do que isso que hoje temos, devemos trabalhar com afinco para construirmos alguma coisa maior, menos nociva, que ofereça âs gerações futuras espectativa de vida com qualidade melhor que a nossa.
Se baixarmos a cabeça ou nos omitirmos certamente tudo o que poderemos deixar aos nossos filhos e netos será o horror da miséria e da morte.
Às vezes é preciso engolir em seco e continuar em frente. Não podemos nos dobrar diante das adversidades. É quando tudo parece perdido que devemos retirar forças do mais profundo de nós para reagirmos com ímpeto redobrado e superar nossas limitações. Só assim podemos estar à altura de nós mesmos.
Uma coisa é certa: se não tomarmos as rédeas das nossas vidas nas mãos vamos continuar sendo conduzidos como gado errante por essas pessoas que nos enxergam como fonte de lucro fácil.
As leis são para serem respeitadas por todos, incondicionalmente. Quando o próprio presidente da República antecipa o debate e a campanha em claro sinal de desrespeito às normas estabelecidas, devemos nos perguntar quem deve respeitar as leis. Somente nós, o povo, talvez seja a resposta... Afinal, ele é o magistrado supremo da nação, o defensor mor das leis. Por isso mesmo não deveria burla-la. Mas, em se tratando de Brasil... Qualquer de nós, cidadãos comuns, que praticassemos os mesmos atos já estaria sendo processado.
Por haver várias interpretações para uma mesma lei e por haver pesos e medidas diferentes para ricos e pobres é que devemos estar atentos aos acontecimentos. Eles legislam em causa própria e se defendem mutuamente. Desse modo nunca vamos ter uma lei que sirva ao pobre e ao rico da mesma maneira. Nunca vamos realmente poder dizer que o brasileiro vive em uma democracia plena. Precisamos fazer alguma coisa por nós mesmo urgentemente. Até porque esse é o nosso país, o nosso lugar, o nosso torrão!
Viva o Brasil e vamos todos nós brasileiros!

A VOLTA DA CPMF (disfarçada!)

Precisamos ficar de olho em Brasília. O governo vai tentar ressuscitar a CPMF ainda este ano. Há um projeto arquitetado por um certo ministro que prevê seu retorno com uma outra sigla e sem a máscara "contribuição". O congresso terá de aprovar ou rejeitar.
Cabe a nós vigiar e protestar de todas as maneiras contra mais esse absurdo. Afinal, dizer que é para a saúde é fácil. O difícil é saber para a saúde de quem serão destinados os recursos arrecadados. Com certeza não será para melhorar a vida de quem precisa de atendimento médico nos hospitais públicos do país. O mais provável é que sirva para construir alguns castelos, algumas mansões ou financiar viagens e banquetes luxuosos para "nossos políticos" de ilibada moral.
Vigiem, por favor!

A GUARDIÃ E OS SACERDOTES

O país tem assistido nos noticiários diários a enxurrada de absurdos e desmandos praticados pelos nossos deputados e senadores lá em Brasília. Depois do escândalo das passagens aéreas vieram os tais "atos secretos". Colocaram os senadores na mídia e isso tem garantido um bom espaço nas tv's, jornais e revistas brasileiros. Está certo que a imprensa deve mostrar os fatos a todos nós cidadãos comuns que vivemos longe do poder. Mas, essa mesma imprensa não pode deixar de lado a isenção e a natureza impessoal do seu trabalho. Ou seja, precisa transmitir as informações integralmente, genuinamente sem modificá-las suprimindo ou acrescentando coisas que beneficiem ou prejudiquem quem quer que seja. A imprensa brasileira está de parabens! Tem cumprido seu papel com ilibada conduta, de modo geral. Sempe há um ou outro veículo que pende para o lado do mais forte. Entretanto, esses não são suficientemente influentes ou capazes de manchar a imagem idônea do jornalismo brasileiro.
Pena que não podemos dizer o mesmo e no mesmo tom dos nossos políticos atuais. Em sua grande maioria têm produzido, sem grandes esforços, o descrédito das instituições democrática brasileiras. Temos ouvido seus discursos vazios e assistido suas entrevistas que nada mais são do que a repetição sistemática de velhos e ultrapassados discursos, mera retórica. Eles sequer se envergonham de nada proporem nem dizerem de novo. Estão todos certos das suas importancias e do alto grau do poder que mantêm nas mão. Nós, o povo brasileiro pagador de impostos, gerador de riquezas somos vistos como espectadores de um teatro de marionetes, se não somos os marionetes!
Diante de tudo isso acredito que cada um de nós deva tentar descobrir em si mesmo quem é mais importante para o país, nós o povo que o compomos ou os políticos que nos governam como se fossemos seus súditos!
Isso porque enquanto eles vivem protegidos por um séquito de seguranças pagos com nosso dinheiro, moram em palácios construídos com os frutos do nosso trabalho, estão saudáveis e bem alimentados a maioria de nós, pobres cidadãos comuns, está sujeita à violencia das ruas, a falta de unidades de saúde para tratar as mazelas adquiridas no sofrimento cotidiano em busca do pão, está desabrigada mendigando uma ajuda que nem sempre vem e quando vem, na maioria das vezes não chega à tempo.
O que somos não lhes interessa. Tudo o que querem é tirar de nõs o poder de reação. Dão-nos apenas o suficiente para não nos revoltarmos contra eles, ou não morrermos. Mantêm, assim a nossa esperança de que um dia vai ser diferente do nosso presente de dor. Ledo engano. Enquanto tivermos no poder político as mesmas pessoas que controlam o país desde os anos sessenta não teremos chance de mudança. Precisamos, antes de mais nada, nos conscientizarmos dos nossos deveres para com todos os brasileiros. Nenhum de nós está sozinho. Somos um todo. E, se agirmos como um todo poderemos alcançar importantes vitórias contra o poder estabelecido. Temos e precisamos da imprensa ao nosso lado. Ela é a guardiã da democracia e nós os seus sacerdotes.
Tenhamos em mente uma coisa que parece simples mas que é relevante: o Brasil é maior que todos os nossos homens públicos juntos. E, nós somos os constituintes desse País gigante e guerreiro, que não foge à luta!

O PODER SUBINDO À CABEÇA

A frase atribuída a De Gaulle desde 1962 – "Le Brésil n´est pas un pays sérieux", o Brasil não é um país sério, parece mesmo construída para nós. Afinal, aqui tudo ganha um tom de brincadeiras para mascarar a profundidade dos golpes desferidos contra a democracia brasileira, contra as leis e normas do país, desde a maior delas a CONSTITUIÇÃO FEDERAL, até as mais gerais como as regras de convivência sociais. A prática comum de mudá-las ao sabor das paixões ou das conveniências realmente não é coisa de gente séria. Mormente quando os promotores de tais mudanças são as pessoas encarregadas de sua vigilância e manutenção. Mas o que isso importa? Qualquer acordo de gabinete pode ser maior que a vontade do povo brasileiro. Qualquer homem público, em qualquer esfera do poder pensa que pode ser mais importante do que as leis que ele mesmo ajudou, ou ajuda a criar. Por isso ele se vê acima da lei, imune, impune, debochado, outorgando-se o poder supremo de modificá-la e, talvez, até mesmo suprimi-la. Mas, é o povo? Como diz a célebre frase de um personagem humorístico: “o povo á apenas um detalhe”. Não é de hoje que vemos leis serem criadas para beneficiar umas poucas pessoas, grupos econômicos, alguns “políticos de carreira”. E porque isso? Porque eles se protegem e se defendem mutuamente, embora muitas vezes, diante das câmeras profiram discursos empolados em defesa da ética, da moral pública e a democracia. Balela. Pura e simples balela. Jogo de cena, prática teatral digna das melhores arenas do mundo. E nós continuamos assistindo a esse espetáculo dia a dia, com títulos e atores diferentes, mas com conteúdos e argumentos repetitivos.É triste e vergonhoso. Humilhante, até.Hoje, em pleno século XXI, com o país mergulhado na crise do capitalismo, procurando caminhos que consolidem as relações institucionais e democráticas ainda frágeis e permeadas de autoritarismo, de vaidades pessoais, de “um certo" caráter mercantil surgem, na mídia e no congresso, propostas para prorrogar todos os mandatos de quem foi eleito para exercê-los de 2006 até 2010, e de criar o instituto do terceiro mandato para o presidente LULA. Qualquer das duas propostas além de imoral é vergonhosa. E propô-las parece-me um claro acinte a democracia e ao legítimo direito de alternância estabelecidos nos princípios constitucionais. Em um país de passado tão turbulento como o nosso, não se deveria cogitar tal coisa. É um risco! Porém o mais grave de tudo é a manipulação da opinião pública. Fala-se num tom como se todos nós concordássemos com a idéia de que é melhor manter a situação como está.Que queremos e precisamos de um país estável, é verdade. Mas, não é verdade que todos concordamos com o pensamento de que NÃO EXISTE entre os quase duzentos milhões de brasileiros, OUTRA pessoa que possa governar essa nação. Se for igual ou melhor do que o atual presidente, ótimo. Se não for, que paguemos o preço. O que não é democrático nem justo é modificar as leis às vésperas das eleições para prorrogar um governo que já cumpriu seu papel.Um dos princípios fundamentais de qualquer democracia é o respeito às leis. E qualquer burla a esse princípio pode conduzir a regimes de governo dos quais já tivemos o desprazer de provar.Se o presidente Lula, homem sério que é, concordar com tamanhos disparates, seja sob o pretexto que for certamente estará dando mostra de que o povo brasileiro enganou-se com ele. Afinal, quem nesse país respeita as leis, senão os trabalhadores? E o nosso LULA não saiu do meio dos trabalhadores?Esperamos que ele, como operário, seja também o vigia das instituições, o guardião zeloso da democracia, mesmo que isso lhe doa profundamente. Respeitar a lei como ele jurou fazer. Essa atitude pode começar a construir o pensamento de um Brasil sério, sólido, soberano e justo.Diferente disso só mesmo instituindo o imperialismo como forma de governo. Alguém duvida que a cabeça do presidente esteja pronta para RECEBER A COROA? Eu não.O que dizer então? O Brasil é ou não é um país sério?Perguntem-se e reflitam sobre o nosso futuro. Que futuro queremos? Que futuro poderemos ter?

REFORMA ELEITORAL III

Em um país livre, pleno de direitos, o cidadão precisa aprender que suas decisões influem na vida do seu próximo e na sociedade de modo geral. A prática é que cada um busque seu próprio benefício, individualmente e não o bem comum. Isso é que está errado. Um país, uma nação é um todo composto individualidades, mas que precisa de doações pessoais para sua constituição. Desse modo, mesmo buscando a realização pessoal o verdadeiro cidadão precisa emprestar de si aquilo que é necessário a toda a sociedade. Essa consciência política inexistente na massa da população brasileira é fruto da crescente necessidade de subsistência. Quem consegue recusar um pão estando faminto? Filosofar sobre a condição moral e ética das pessoas é fácil quando se está protegido, alimentado e com o futuro garantido. Manter a dignidade e resistir às tentações é que se torna difícil dia a dia nesse país onde a prática de injustiças, a corrupção e a falta de seriedade se tornaram corriqueiras, comuns. Garantir direitos e torná-los plenos é, no mínimo, uma retribuição pelos muitos anos de sacrifícios do cidadão brasileiro. Além de ser um exercício democrático. Talvez derrubar o voto obrigatório seja uma maneira de instigar o cidadão comum a uma reflexão sobre sua importância na construção desse país. E, não necessariamente muni-lo de uma moeda de troca.

REFORMA ELEITORAL II

Quanto a reforma eleitoral ora proposta, com o sistema de voto em lista, concordo com a tese de que algum dia aperfeiçoará o sistema eleitoral brasileiro. A questão é: será que as oligarquias partidárias não resistirão a abrir mão do poder que abocanharam ao longo de décadas?
A resposta me parece óbvia.
Que a reforma é necessária, não há dúvidas. Mas, porque não começa-la pela extinção do voto obrigatório? O pior instrumento do sistema atual é a obrigatoriedade do voto. Ela inibe o eleitor. Impede-o de escolher ou pelo menos influencia sua decisão porque, sentindo-se obrigada, a maioria dos cidadãos vai às urnas apenas para não ser punida, para não perder direitos civis que possam ser necessários em algum momento futuro. É o caso dos servidores públicos e de quem pretende prestar concurso para o serviço público. Não estando em dia com as "obrigações eleitorais" estão automaticamente impedidos.
Em minha visão de cidadão comum o voto obrigatório não pode ser um instrumento da democracia. E com o modelo atual ou com outro modelo qualquer, o sistema eleitoral brasileiro precisa do voto livre, secreto, direto. Aí sim, o cidadão vai se sentir valorizado e os candidatos precisarão mostrar um mínimo de idoneidade moral para merecer cada voto. Aproveito o ensejo para propor que se faça uma consulta popular para saber se o povo brasileiro quer o fim do voto obrigatório ou não. Afinal, o poder pertence ou não ao povo? Se pertence porque não deixar que ELE decida, como foi feito com a questão do presidencialismo e parlamentarismo? Vamos ouvir a voz do povo! Essa precisa ser a prática democrática, constitucional, habitual.

REFORMA ELEITORAL

Há no congresso brasileiro uma proposta de reforma eleitoral que dentre outras coisas prevê a instituição do voto em lista, que será preparada pelos partidos e oferecida aos eleitores já pronta. Ou seja, o voto não mais será no candidato e sim no partido que, com critérios próprios, escolherá “os cabeças de listas” e aqueles a quem delegará o mandato. O discurso é o do fortalecimento dos partidos. Na minha visão é uma maneira de voltar ao voto indireto; porque os caciques brasileiros, os donos dos partidos não abrirão mão do poder em benefício de ninguém. Isso quer dizer que se perpetuarão na vida pública a despeito de qualquer esforço da sociedade. É uma facada profunda na frágil democracia brasileira. O mais grave é que nesse momento de aprofundamento da crise política, o congresso que aí está não tem condições éticas e moral para tratar de tema de tal importância. Mudar a legislação eleitoral agora é, no mínimo, casuísmo. Certamente esse congresso irá legislar em causa própria porque a maioria dos seus membros corre sério risco de ficar sem mandato nas próximas eleições.
É bem verdade que o projeto de mudança partiu do governo federal. Mas até aí nada demais, afinal, seus partidos de sustentação tem contribuído, e muito para os sucessivos escândalos que vêem alimentando o noticiário político nacional. Então, nada mais apropriado do que proteger aqueles que irão garantir em 2010 a continuidade desse modelo de gestão. E, mais que isso, que irão garantir que os votos dos eleitores sejam direcionados para os membros de um grupo fechado, despótico.
E a democracia, onde fica? Ah! Ela é apenas um detalhe.
“No mundo atual não cabe mais nenhum golpe de estado, nenhuma ditadura explícita. Porém uma “democracia oligárquica”, apesar de indecente pode ser tolerável”. Deve ser esse o pensamento político dos nossos governantes. Eles decidem e nós engolimos suas decisões, com algum estranhamento, mas sem oferecer resistência. Já estamos acostumados...
Entretanto, ainda existem cabeças pensantes nesse país. Ainda existem instituições que perseguem a justiça e vigiam sua aplicação. Ainda existem homens de bem na vida pública brasileira. Ainda existem brasileiros comuns que pretendem ter um país onde as diferenças sejam diminuídas, onde os abusos sejam coibidos com o rigor da lei, onde as leis sejam criadas para todos e não em benefício de uns poucos. Ainda existem brasileiros que trabalham para que essa nação livre e soberana seja a Pátria de todos os seus cidadãos e não de uns poucos privilegiados. Ainda existem brasileiros que não se curvam diante do poder do Estado que trata o povo com desprezo, como se fossemos meros figurantes em um teatro de comédias.
Tenho certeza que todos esses brasileiros, todas essas instituições erguerão a voz em protesto contra tais absurdos, contra esse golpe sorrateiro e mortal desferido contra a democracia brasileira. Não quero contestar a reforma eleitoral. Não. O Brasil precisa que a lei seja adequada aos novos tempos. Protesto contra os agentes dessa mudança que, a meu ver, não são idôneos, nem têm respaldo da população para instituí-las. Mormente em um contexto de escândalos e desprestigio de boa parte dos seus reformadores. Aliás, não posso admitir qualquer mudança na lei eleitoral que não passe primeiro pela transformação do voto obrigatório em voto livre. Porque não acabar com essa instituição oriunda do regime fechado? Porque manter a obrigatoriedade do voto em uma democracia? Será porque os políticos não são capazes de, com discursos e propostas, levar o eleitor às urnas? O voto obrigatório é a única maneira de fazer o eleitor sair de casa para se manifestar por algum candidato? Porque não realizar um plebiscito para saber o que pensa o povo brasileiro a respeito do voto obrigatório? Porque não pedir ao povo que escolha entre voto livre e obrigatório? Entre regime de lista fechada e o modelo atual?
As respostas podem ser fatais para a maioria dos políticos brasileiros. É por isso que não fazem consulta pública sobre tais assuntos. É por isso que não acabam com o voto obrigatório. Estariam cometendo suicídio político.
Em uma verdadeira democracia o poder emana do povo e em seu nome é exercido. Então, se o povo que reforma eleitoral (é o que dizem nossos representantes), que ela comece enterrando o voto obrigatório. Esse deve ser o princípio de tudo. Sem acabar com a obrigatoriedade do voto, tudo que fizerem será em benefício próprio e não do povo brasileiro.

MUROS EM FAVELAS DO RJ II

Sobre a construção de muros em favelas do Rio de Janeiro é apropriado lembrar que, seja o discurso contra ou a favor o importante é não esquecermos que vivemos um momento de globalização no qual a diluição das fronteiras econômicas e sociais é um fato. Portanto, é no mínimo contraditório o projeto dos governos estadual e municipal de delimitar as favelas erguendo muros de separação. Parece-me que há certa obscenidade nisso, dado o caráter dissimulado do ato. Erguer muros como estes não é função do Estado. O que os governantes, juntos nas três esferas do poder, deveriam fazer e não fizeram seria impedir o crescimento e, mesmo, o surgimento das favelas, com projetos de habitação popular, geração de emprego e renda e fixação do homem no seu lugar de origem, dando-lhe condições de vida digna em sua própria terra, em sua cidade, em seu estado. Tivessem tomado tais medidas não haveria favelas e sim bairros populares. Não haveria moradores de rua nas grandes metrópoles brasileiras. Mas, tudo o que o poder público tem feito ao longo dos anos é suavizar a aparência da favela mudando sua denominação como aconteceu em um passado recente quando favela virou “complexo social”, agora transformado em “comunidade”. Algumas vezes, os moradores dessas áreas são alvo de programas sociais que servem mais para fins eleitoreiros do que para minimizar o sofrimento das pessoas alvos dessas benesses.
Não importa o nome com que designam essas comunidades: a miséria, o descaso, a violência, a ausência do poder público continuam...
Parece tarde para regressar. As favelas estão aí gritando a plenos pulmões um pedido de socorro que contagia toda a sociedade do Rio de Janeiro. Esta mesma sociedade que parecia não perceber suas mazelas. Esta mesma sociedade que cercou-se de segurança armada, de cercas eletrificadas, de muros altos, de câmeras de vigilância, de carros blindados para manter um distanciamento de tais “problemas”. Isso mesmo: “problema”. Mas um problema que lhe soava alheio, que não lhe dizia respeito, que não lhe atingia diretamente.
Um dia, os problemas desceram o morro e começaram a alvejar as “pessoas do asfalto” assustando, matando, demonstrando a vulnerabilidade do cidadão comum ante a organização e o poder dos delinqüentes que, para fugir ao braço da lei se homiziam no interior das favelas. Mas, o pior de tudo é a constatação da impossibilidade do Estado em enfrentar, combater e eliminar tais ameaças. Isso porque o poder público está minado pela corrupção e pelo crime organizado que sorrateiramente infiltrou-se na vida pública amparado pelo caráter benevolente das leis brasileiras. E, como solucionar tantos problemas? Construindo muros? Removendo as favelas? É claro que não.
Entretanto, se o Estado oferecer condições permanentes, sem paternalismo, muitas das pessoas que hoje sofrem nas favelas retornarão de bom grado as suas origens. Ou, buscarão cidades menores com melhor qualidade de vida, como está ocorrendo na região dos lagos, RJ que tem recebido milhares de pessoas fugitivas da violência do Grande Rio.
Para tal seria preciso um “esforço de guerra” dos três poderes. Além disso, a abertura de ruas nas favelas, a instalação de quartéis da polícia ou delegacias no alto dos morros e a construção de habitações verticais redimensionando e organizando o espaço urbano permitiriam, ao poder público, a retomada do controle dessas áreas e a inclusão social de todas as pessoas da “comunidade” sem necessidade de muros, fossos ou quaisquer outros mecanismos de separação.
Ou seja, não é impossível. É trabalhoso. E trabalho não costuma ser a “praia” de quem exerce cargo público. É mais cômodo e atual fazer discursos ecológicos de dentro dos gabinetes ou na rua, cercado por seguranças armados, do que tomar decisões que não darão frutos imediatos.
É por isso que a planta das favelas continuará sendo: aglomerados de construções irregulares cortados por vielas estreitas, tortuosas, escuras e perigosas. E seus moradores continuarão sujeitos a toda sorte de humilhação sem que o Estado lhes garanta um mínimo de dignidade; porque também ele está frágil ante o poder dos traficantes, e a única parte dele que entra na favela é a polícia, armada com fuzis, protegida por coletes à prova de balas e, às vezes, dentro de uma instituição propriamente chamada “caveirão”.
Em suma: o grande mal não é a construção de um muro e sim o significado desse ato na cidadania de todos nós. Onde fica o direito de ir e vir, e o: “não haverá discriminação de nenhuma natureza”, expressos na constituição brasileira? Parece-me que o poder público é tendencioso e elitista quando usa seu poder para construir um “muro social” e não exterioriza esse mesmo poder na defesa e guarda da vida dos seus cidadãos que lutam estoicamente pela sobrevivência transitando em meio ás violências do pode legal, omisso e do poder ilegal, tirano.

O valor do voto

O que é o voto?
O voto é a única arma democrática de que dispõe o cidadão para gerenciar e mudar a própria vida e a vida da sociedade em que vive. Com ele escolhemos nossos administradores, nossos legisladores, nossos guardiões das instituições e da ordem social. Com ele pavimentamos ruas e constriumos escolas, saneamos bairros e equipamos hospitais, damos vida ou morte aos nossos contemporâneos e aos nossos descendentes. Sem o voto, somos marionetes nas mãos dos governantes, com ele podemos, nós mesmos, escolher os caminhos em que queremos andar. Além disso, votar, para nós brasileiros, custou muito caro: a vida de centenas de pessoas presas, mortas, desaparecidas nos "escuros" do nosso passado recente. Quando não imputamos um real valor ao nosso voto estamos minimizando todo o sacrifício dessas pessoas, relegando a plano inferior toda uma história de lutas, o sangue derramado nos interrogatórios, as lágrimas de pavor ante o futuro incerto que assombrou a juventude e a militância política brasileira. O voto tem um valor incalculável! Seu valor tem há ver com a ética, com a moral, com o patriotismo, com a própria continuidade do brasileiro como como cidadão livre e soberano. É isso que precisamos compreender, que precisamos dizer a todos os brasileiros diariamente. É sobre esses conceitos que devemos refletir se queremos realizar mudanças, se queremos produzir esperanças. Sem mudança não há esperança. E, sem consciência nacional não pode haver esperança de mudança. Vamos, pois, produzir condições para uma revolução do pensamento político nacional, oferecendo temas para reflexão e questionando o modelo atual, neoliberal, globalizado e elitista que exclui os pobres e marginaliza boa parte da sociedade brasileira.

momento político

É uma vergonha que em pleno século XXI vivamos como no período feudal quando uma minoria desfrutava de privilégios e a massa da população trabalhava para propiciar-lhes o luxo e a ostentação em que viviam, sem se importar com a miséria que os rodeava. Eu não sei que tipo de pessoas são os nossos políticos. Só sei que a maioria deles deve "ser muito boa mesmo"; afinal, conseguem nos impingir uma vida de violência e dor e ainda assim, continuam no poder. Chega o período eleitoral e nos esquecemos de tudo o que fizeram de ruim. Parecem "santos" com seus sorrisos lavados e seus discursos estudados esmeradamente. Não nos enganam. Somos nós quem os perdoamos. Então, o que fazer? Talvez eles estejam certos. Nós somos os responsáveis por tudo isso. Qualquer que entrega sua vida e seu patrimônio nas mãos de pessoas sem idoneidade moral deve ter certeza de que será, no mínimo, roubado. É mais do que hora de nós, cidadãos brasileiros, tomarmos nas mãos as rédeas desse país se queremos ter algum futuro! Esse negócio de verba indenizatória é um crime cometido contra o tesouro nacional, contra o povo brasileiro. Para essa gente sem escrupulos é na verdade é "um excelente negócio!". E eles não vão abrir mão desses privilégios tão facilmente. Precisamos compreender que quem está no poder não legisla e nem governa contra si. O poder pelo poder. Esse é o lema deles. Somente o povo muda os rumos de um país. Espero que a grande nação brasileira acorde e entenda que é preciso vigiar de perto quem ela coloca no poder. Vigiar sempre. Exigir respeito, dignidade. Aliás, a constituição diz claramente: TODO PODER EMANA DO POVO E EM SEU NOME É EXERCIDO. Nós somos o verdadeiro poder.

farra das passagens pelos

20/04/2009 - 22h12
Com respeito às notícias veiculadas na mídia sobre os abusos cometidos pelos nossos parlamentares, em Brasília, quero dizer que é um absurdo e um crime inominável! Mas, não podemos esquecer que esses mesmos abusos estão acontecendo agora mesmo em TODO O BRASIL!!! Os prefeitos, vereadores, deputados estauais, governadores e todo o séquito de que dispõem usam e abusam do dinheiro público com a mesma voracidade e naturalidade com que se faz no congresso. É por isso que a população está a cada dia mais descrente com a política. Acabar com as cotas de passagens (melhor seria acabar com todas as cotas!), com os reembolsos talvez seja a melhor opção para começar a recuperar a imagem dos homens públicos brasileiros e fortalecer um pouco as instituições. Que bom que o Brasil é maior que tudo isso, e que o povo brasileiro é muito mais forte do que pensa. Mas, eu lamento o desperdício de tantas vidas que se perdem na fome, nas filas dos hospitais, na violência das cidades...

COMPLEXO SOCIAL

Complexo social

A mísera pobreza se robustece
Esmera-se em parecer atual
Incrustada no seio da metrópole
Um quisto social não extirpável
Como um câncer “bem comportado”
Que o doente odeia, mas suporta
Por comodismo ou falta de opção.
De suas localizações periféricas
Fornece a força do progresso
Que envaidece e enriquece a cidade
Esta mesma cidade que a abomina
Que teima em não perceber suas dores
Que fecha os olhos as suas feridas.
Por ruelas desnudas
De poeira ou lama
Escorre o suco comum às gentes humildes
Aliado aos demais resíduos do progresso urbano.
As janelas confrontam-se
Os barracos disputam seu espaço nem sempre ao sol
As cordas embandeiradas em cores profusas
À vezes escurecidas por falta de água
Os rostos magros, sujos
Abrigando bocas de poucos dentes
Os corpos esquálidos, quase sempre nus
Um certo cheiro de suor, amor e cachaça
Fazem juntos, das favelas do RIO
O caos da miscigenação humana.
Uma coisa, porém é pura, concreta
Na favela, dignidade humana
Nem sequer é um sonho noturno.
A dura realidade cotidiana
Não permite a essas pessoas viver
Muito menos dormir ou sonhar!

FALTA VOCÊ

Falta você

Sinto saudades de você
Do seu riso, do seu olhar
Do seu modo de falar
De como você me beijava.
Sinto falta de você
Da sua voz, da sua calma
Do seu jeito de vestir
E de me dizer as coisas...
Sinto falta do seu corpo
Dos seus medos, seus agrados
Da vida em seus suspiros
De nossas noites de amor!
Sinto falta da alegria
Do seu pudor inconstante
Da vida que tivemos antes...
Sinto falta de você.

SAUDADE

Saudade

Não posso vê-la agora
Estamos distantes nesse momento
E, ainda que voe, meu pensamento
Não a poderá encontrar lá fora.
Por entre muitas sensações perdidas
Na rota estrada enegrecida
Pela passagem do tempo
Voa célere meu pensamento.
A noite é fria, silenciosa e triste
O mundo é vasto em sua imensidão
Meu pensamento, como espada em riste
Corta a noite de minha solidão.
Por entre os morros, vales, campinas
Buscando a ti, meu pensamento voa
E, ao divisar-te pura luz divina
Dentro, em meu peito, uma voz ecoa.
Mas é saudade tudo quanto tenho
E a distancia não me deixa vê-la
Se em pensamento voando a ti venho
Que bom seria em pensamentos tê-la.

REFLEXÃO

Reflexão

Gostaria que tudo mudasse
Que os homens voltassem a sonhar
Que o ódio do mundo passasse
Que os povos pudessem se amar
Que a lua fosse dividida
Que os sorrisos voltassem a iluminar
Os rostos que hoje amargam a vida
Sem medo de se enganar.
Gostaria que o abraço fosse de união
Que a vida pulsasse atrevida
Que a morte, o medo, a solidão
Não fossem fantasmas na vida
Que o ódio dos homens acabasse
Que a dor nos esquecesse
Que o amor no mundo imperasse
Que a tristeza da vida morresse.

SOMENTE AMAR

Somente amar

Amar.
Isso resume o sentido da vida.
Só não sei porque as pessoas matam e morrem...
Não compreendo a existência do ódio
Nem de cada um dos sentimentos que produzem decadência
Até parece que o homem não nasce do amor.
Amar.
Com responsabilidade e total expressão.
Amar como os pássaros nos bosques, marquises...
Como o gado no pasto, como a natureza nos ama
Amar sem preconceito ou meio termo
Amar sem temer que o sonho finde ao amanhecer.
Amar.
Ainda que isso encerre uma vida.
Amar não é filosofia ou incoerência
Não é fraqueza de uns poucos, mas privilegio dos fortes
É estar consciente do que existe dentro de nós
Conhecendo os limites da realidade
E a extensão de todos os sonhos.
É sentir a certeza em cada esperança que nasce
É, acima de tudo, ser humano.
É ser homem como somente quem ama é capaz de entender.

NOTURNO

Noturno

As vidas fluem pelas ruas
Como as nuas estrelas do céu
Fugindo do alvorecer
Uma nuvem passa pela lua
Encobrindo a luz que a rua
Numa poça de água fez refletir
Um homem foge da sorte
(Bela sorte) só traz a morte
Sorte mesmo é não viver!
O céu é azul profundo
E esconde as chagas do mundo
Na placidez do luar.
Uma presença seminua
Trilha o asfalto da rua
Escondendo-se não sei do quê.
O céu, teto do mundo
A polidez do luar ao fundo
Existem por existir
É toda uma existência
Presa nessa incoerência
Que envolve o estar aqui.
As ruas, as estrelas brilhantes
A lua, as poças cintilantes
O homem fugindo de si
São deuses de vagos valores
Em meio às tantas dores
Que matam a inocência.
O homem é simples objeto
E mesmo quando completo
Nada de bom tem em si.
Assim passa a vida humana
Em uma turbulência insana
Em conflitos e solidão.
O homem foge do homem
A luz do alvorecer...
A vida quer abortar-se.
Tudo se mistura e se confunde
O céu azul à poça de água se funde
O asfalto ao seminu.
Tudo é desvario e agonia
A vida é tola fantasia
Que algum louco deturpou!
As ruas fogem sem graça
Quando no céu um brilho perpassa
E começa a amanhecer.
A lua procura seu ninho
O sol se põe a caminho
O seminu a correr.
De bulício se enche a vida
A rua é artéria concorrida
Até outro triste anoitecer...
Quem sabe o último, afinal?!

CONSTRUTOR

Construtor

Uso a caneta como uso o garfo
Sem maestria, sem elegância
Apenas a uso nas letras que traço
Compondo as palavras numa fantasia.
Sou leigo, teimoso, incansável
Descanso a pena
Persigo-a, sufoco-a
Mas deixo impresso no papel sofrido
Todos os meus sentimentos.
Não importa se a manha já rompe
Ou se a noite é escura ainda
Não me alimento de nada
Que não seja a emoção de escrever.
Tudo quanto preciso nesses momentos
É de paz, da sensação de poder transformar
Com um simples movimento do pulso
A dura realidade que nos persegue
Em rimas, em eventuais encantos
Em historias, às vezes, mal construídas
Como só eu sei fazer.
Nas quais não falta certo colorido
Porque sempre faço de contas
Que outro amanha virá
E com ele um pouco mais de vida
De esperança de prosperidade e paz!

ESPELHO

Espelho

Por quais razões quer saber
Se eu existo entre aspas
Se minha vida é casta
Regrada ou... Imoral?
Toda pessoa é santa
Traz dentro de si, de divino
Misto de homem e menino
E jamais sabe o que quer.
Entre tombos e risadas
Entre asfaltos e espinhos
Vai deixando nos caminhos
Pedaços de suas asas.
- Anjo?
- Qual nada. Louco.
Assim é o homem atual
Muito aço, muito pouco.
Por isso me deixa em paz
Se existir não é suficiente
Nunca mais me atormente
Espelho hipócrita,
Nunca mais!

TRANSFIGURAÇÃO

Transfiguração

Minha alma voa lépida, fagueira
Por entre as flores dos jardins do céu
Não há sofrimento
As lagrimas não molham meu rosto
Meu peito não mais estremece
Ante as injustiças humanas
Tudo que vejo é deleite, paz
Divina harmonia.
Jamais sonhei pudesse um dia
Vir a estar à sombra do descanso
Feito uma criança despreocupada
Sonolenta
A quem não importa o passar do tempo.
Há tanta calma nessa nova vida
Que não consigo relacioná-la à outra
Com seu burburinho
Com suas máquinas infernais!
Aliás,
De inferno, aqui, não existe sequer o nome
Tudo é perfeição, tranqüilidade, retidão.
Há muito verde, muitas coisas antigas
Coisas que o homem em vida destruiu.
Minha alma voa lépida, bailando
Por entre as flores dos jardins do céu!
Voa para seu descanso, manancial eterno
Qual borboleta voejando em despedida.
Sou agora a poesia que os anjos cantam
Sou mágica escultura dos dedos de Deus.

VIVER

Viver

Viver é conjugar verbos físicos
Em uma linguagem espiritual
Flexionando-os, cada pessoa
De uma maneira tal que ao fim da vida
Se alcance a satisfação
O prazer de deixar a quem fica
Uma nova lição de amor.
Viver é a magia que envolve o poeta
É a energia invisível do profeta
É a pureza divina das cores
É a certeza da continuidade
É um estado da alma
Mais que isso é a própria consciência de Deus.
Viver não é a luta diária pelo pão
Nem mesmo a luta em si é vida
Viver é uma passagem eterna
Onde, na terra
Encontramos a chave de uma porta
Pela qual o infinito nos chama a comungar
Viver é flexionar os verbos abstratos
Na dura lide cotidiana
É percorrer as lições da vida
Com pureza, com esperança
Com fé no momento seguinte
É alcançar a satisfação plena
É cultivar o sonho de chegar à perfeição
É resumir a morte
Porque a morte é a consagração de quem viveu.

TUDO PASSA

Tudo passa

Tudo passa nessa vida
Passam as horas, passa o tempo
Passa o sol, passa o vento
Passa a saudade de você, querida
Tudo passa lentamente
Quer seja a vida que temos
Ou mesmo as gentes que vemos
Aqui, nada há de permanente.
Até os nossos sonhos passam!
Passa a alegria, passa a graça
Passam no céu nuvens de fumaça...
Nossos medos também passam.
Tudo finda e recomeça
O sol se esconde, nasce a lua
Minha vida começa onde termina a sua
Tudo muda sem haver que o impeça.
A vida é sucessão de momentos
A gente nasce, cresce e morre
A gente anda, cai ou corre
Sem chegar e sem ter alento.
Tudo passa e continua
Passa o riso, passa a esperança
Passa a mocidade após a infância
Passam os carros pelas ruas.
A noite chega e à campa fria
Desce o homem em qualquer idade
No campo, subúrbio, cidade
Com tristeza e dor, sem fantasia!

EU AMO

Eu amo

Amo o verde, as flores
Os rios, as cascatas cristalinas
Amo seu peito de amores
Amante, mulher, menina.

Amo a verdade da paixão
O fogo que nela crepita
Incendiando meu coração
Numa explosão infinita.

Amo seu negro olhar profundo
Seus lábios feito carmim
Amo seus seios, corpo, cabelos

Amo os contrastes do mundo
E o universo sem fim.
Amo a Deus sem conhecê-Lo!

VOLÚPIA

Volúpia

Deixa-me cavalgá-la em meus sonhos
As asas soltas ao vento
Ao fluxo do pensamento
Nos versos que componho.

Quero beijar sua boca
Com a mesma ternura antiga
Com que a beijava, minha amiga
Murmurando palavras roucas.

São poucas as noites estreladas
Deixa-me, pois, cavalgá-la
Sobre o tapete da sala
No quarto dos fundos
No quintal.

Deixa-me apenas amá-la
Sem pensar no que há lá fora
Até que a noite vá embora
Deixa-me, pois, cavalgá-la.

ANÔNIMO

Anônimo

Quero apenas ser
A mim bastam: a paz
A alegria de fazer
De não esquecer jamais.
Não preciso de discurso
Dicionário ou receita
Minha vida é um percurso
Por ruelas muito estreitas.
A ilusão pinta o futuro
A paisagem em derredor
Sou um vivente prematuro
Gerado sem nenhum amor.
A mim bastam: a certeza
A fé, a força, a vontade
A graça, o sonho, a sutileza
Traços da minha insanidade.
Tudo é pouco e é tanto!
Nos braços da contradição
Sonhos de morte são acalantos
Enfeitando a solidão.
Eu sou o ramo ressequido
De algum velho espinheiro,
Sou o botão concebido
Pela força do jardineiro,
Sou a vida que flui serena
Por entre as pétalas de uma flor
Sou pequena parte de uma cena
Na encenação do amor.
Também sou a morte antiga
A dor, a gozação, o grito
Sou a explosão magnética contida
Na anônima comunhão do infinito!

RETICÊNCIAS

Reticências

Não há espaços sem limites
Nem infinito sem começo
Não existe dor sem origem
Nem coração que nunca sofreu.
Tudo é continuidade
Como a própria vida da gente
Que em um dia morre
E no outro ressurge do nada.
Não há razão que seja lógica
Porque a lógica da razão não existe
Tudo é simples regra matemática
Que por sua vez se torna exceção
E como toda exceção foge à regra.

A vida é como um pássaro que voa
Tudo é pequeno no infinito universo
Quem poderá determinar a razão de tudo
Se ninguém conhece sua própria razão?
Nenhum homem encontrou sua origem...
Nas razões do homem tudo é transitório
A vida é efêmera, ilusória
O amor é o néctar que ameniza nossas dores
Tudo o mais é passageiro, sem razão de ser.
O homem é como o vento, não se pode prender
Mas se ele pensa que está forte e fixado
Então morre e passa com sua memória.

Não há espaços sem limites
Não existe vida sem começo
Nem a morte é o fim de tudo.
O importante é exercitar o amor.

SEM VOCÊ

Sem você

O beijo com que sonho
No abraço que desejo
No verso que componho
No horizonte que almejo
O sol, a lua, a poesia
A noite, o amor, a fantasia
O morno aconchego, o regaço
O sono, a paz, o espaço
Não existem
Nem são importantes
Sem você.

O amanhecer ensolarado
A praia de areias quentes
Os rostos sorridentes das gentes
A vida, esse mundo encantado
Cada coisa vem e passa
Também passa a alegria
E tudo fica sem graça
A terra toda fica vazia
Se eu não tenho você.

EFÊMERO

Efêmero

Uma bomba H
Um míssil
Uma mina
Uma cidade
Uma vida
Uma sina
Uma guerra boba
A destruição.

Para quê matar
O que já não é perfeito?
O próprio homem
Se extermina
Em sua lide diária
Na busca do pão.
Cedo morre no leito
Sem de guerras necessitar.

Uma bomba H
Um míssil
Uma mina
As árvores nuas
Na esquina
Testemunham mudas
A destruição.

FAVELA

Favela

É na favela
Antro de desgraças
Que a vida passa
Sem saber pra quê
Cada criança
É uma negra infância
Que a miséria
Logo faz morrer.
Entre os barracos
Escorrem vadias
Todas as virtudes
Sem se aperceberem
Da própria sina
Pobre, feia, maltrapilha
Como filhas rejeitadas
Precisam se esconder.
É na favela
Que restos marginais
Da raça humana
Desgrenham-se loucos
Na busca do pão.
A mesa pobre
Os pés descalços
O dormir no chão.
As valas negras
São veias na favela
E em cada panela
A miséria na mão.
Os rostos esquálidos
Sorrindo da vida
A carne sofrida...

O ser humano é vão.

SIMPLICIDADE

Só há virtude
Em dividir o pão
Que amarga a boca
Que corrói a vida
Se na desgraça
Miseranda sorte
O pão da vida é ganho
Com a própria morte.

Mas há prazer
Em desfrutar o riso
Que dentes feios
Careados
Constroem
Porque
O espírito sofredor
Do homem comum
Enfeita
Com sua resignação
A face da miséria.

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