O PODER SUBINDO À CABEÇA

A frase atribuída a De Gaulle desde 1962 – "Le Brésil n´est pas un pays sérieux", o Brasil não é um país sério, parece mesmo construída para nós. Afinal, aqui tudo ganha um tom de brincadeiras para mascarar a profundidade dos golpes desferidos contra a democracia brasileira, contra as leis e normas do país, desde a maior delas a CONSTITUIÇÃO FEDERAL, até as mais gerais como as regras de convivência sociais. A prática comum de mudá-las ao sabor das paixões ou das conveniências realmente não é coisa de gente séria. Mormente quando os promotores de tais mudanças são as pessoas encarregadas de sua vigilância e manutenção. Mas o que isso importa? Qualquer acordo de gabinete pode ser maior que a vontade do povo brasileiro. Qualquer homem público, em qualquer esfera do poder pensa que pode ser mais importante do que as leis que ele mesmo ajudou, ou ajuda a criar. Por isso ele se vê acima da lei, imune, impune, debochado, outorgando-se o poder supremo de modificá-la e, talvez, até mesmo suprimi-la. Mas, é o povo? Como diz a célebre frase de um personagem humorístico: “o povo á apenas um detalhe”. Não é de hoje que vemos leis serem criadas para beneficiar umas poucas pessoas, grupos econômicos, alguns “políticos de carreira”. E porque isso? Porque eles se protegem e se defendem mutuamente, embora muitas vezes, diante das câmeras profiram discursos empolados em defesa da ética, da moral pública e a democracia. Balela. Pura e simples balela. Jogo de cena, prática teatral digna das melhores arenas do mundo. E nós continuamos assistindo a esse espetáculo dia a dia, com títulos e atores diferentes, mas com conteúdos e argumentos repetitivos.É triste e vergonhoso. Humilhante, até.Hoje, em pleno século XXI, com o país mergulhado na crise do capitalismo, procurando caminhos que consolidem as relações institucionais e democráticas ainda frágeis e permeadas de autoritarismo, de vaidades pessoais, de “um certo" caráter mercantil surgem, na mídia e no congresso, propostas para prorrogar todos os mandatos de quem foi eleito para exercê-los de 2006 até 2010, e de criar o instituto do terceiro mandato para o presidente LULA. Qualquer das duas propostas além de imoral é vergonhosa. E propô-las parece-me um claro acinte a democracia e ao legítimo direito de alternância estabelecidos nos princípios constitucionais. Em um país de passado tão turbulento como o nosso, não se deveria cogitar tal coisa. É um risco! Porém o mais grave de tudo é a manipulação da opinião pública. Fala-se num tom como se todos nós concordássemos com a idéia de que é melhor manter a situação como está.Que queremos e precisamos de um país estável, é verdade. Mas, não é verdade que todos concordamos com o pensamento de que NÃO EXISTE entre os quase duzentos milhões de brasileiros, OUTRA pessoa que possa governar essa nação. Se for igual ou melhor do que o atual presidente, ótimo. Se não for, que paguemos o preço. O que não é democrático nem justo é modificar as leis às vésperas das eleições para prorrogar um governo que já cumpriu seu papel.Um dos princípios fundamentais de qualquer democracia é o respeito às leis. E qualquer burla a esse princípio pode conduzir a regimes de governo dos quais já tivemos o desprazer de provar.Se o presidente Lula, homem sério que é, concordar com tamanhos disparates, seja sob o pretexto que for certamente estará dando mostra de que o povo brasileiro enganou-se com ele. Afinal, quem nesse país respeita as leis, senão os trabalhadores? E o nosso LULA não saiu do meio dos trabalhadores?Esperamos que ele, como operário, seja também o vigia das instituições, o guardião zeloso da democracia, mesmo que isso lhe doa profundamente. Respeitar a lei como ele jurou fazer. Essa atitude pode começar a construir o pensamento de um Brasil sério, sólido, soberano e justo.Diferente disso só mesmo instituindo o imperialismo como forma de governo. Alguém duvida que a cabeça do presidente esteja pronta para RECEBER A COROA? Eu não.O que dizer então? O Brasil é ou não é um país sério?Perguntem-se e reflitam sobre o nosso futuro. Que futuro queremos? Que futuro poderemos ter?

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