Sou CARLOS GAMA,
brasileiro, casado, pai de família, trabalho em um hospital que trata pacientes
com câncer, no centro do Rio e, como a maioria dos brasileiros, sou um cidadão
indignado com a situação caótica que assola o Estado e o País.
Quem me conhece sabe
que sou defensor intransigente de um sistema de educação de qualidade nos
níveis básicos e de segundo grau, que sou defensor do sistema único de saúde
(SUS) por entender que o Estado é o responsável constitucional pela saúde e educação
de toda a população.
Gostaria de ser
merecedor da sua atenção, por alguns momentos, para refletirmos juntos sobre:
saúde, educação e violências.
Saúde é a condição
ideal de uma pessoa. Quando essa condição é mudada, a pessoa fica doente e
precisa de tratamentos médico e nutricional, principalmente. E, por que
adoecemos? Porque não vivemos em ambiente ideal. Ou seja, a baixa qualidade de
vida é fator crucial para a perda da saúde. A falta de saneamento básico com
esgotamento sanitário, a má qualidade da água que consumimos, a poluição do ar que
respiramos, as poucas horas de sono, a má alimentação e o “stress” são os
maiores inimigos da saúde humana. As contas se acumulam, o preço dos alimentos
sobe diariamente, as tarifas dos transportes roubam de nós boa parte dos nossos
salários, o constante medo de ser assaltado ou cair diante de uma bala perdida,
etc.. Tudo isso gera uma tensão que culmina em infartos, diabetes e outros
males. Então precisamos recompor a saúde para continuar trabalhando e, então
descobrimos que não conseguiremos atendimento médico na medida dos altos
impostos e taxas que pagamos. O sistema de saúde está doente por causa do
descaso das autoridades, por causa da corrupção.
Sabemos que sem estudar
as coisas ficam muito ruins, no mundo atual. Então, vestimos nossos filhos e
saímos a procura de uma educação de qualidade. Mas, as escolas sofrem por conta
da falta de investimento dos governos. O ensino sofre por conta dos baixos salários
dos profissionais da educação. Resultado: as crianças crescem aprendendo muito
pouco, sabendo o básico; não o necessário para conseguir um bom emprego, uma
chance de crescer profissionalmente. Se quisermos dar aos nossos filhos alguma
coisa além do mínimo, precisamos trabalhar mais e pagar ensino particular. E,
para que servem as impostos que pagamos?
Sobre as violências
posso dizer que a violência das ruas, com toda a sua crueldade, não é maior que
a violência planejada e executada contra toda a sociedade por quem tem o poder
de mudar a vida das pessoas para melhor ou para pior. Muitas vezes, com uma
“canetada” perpetra-se uma tão grande violência conta o povo que passamos anos
para nos recuperar. Os escândalos financeiros estão aí para provar. São muitos bilhões
desviados dos cofres públicos pelos agentes do estado, em conluio com
aproveitados de todas as espécies, gananciosos de acumulara fortunas sem o
devido trabalho. Essa gente é tão criminosa quanto os bandidos armados de que
temos notícia. Ou melhor, são mais ainda; porque tendo o conhecimento
necessário e o domínio dos meios para evitar o crime, cometem-no sem o receio
de sofrerem as penalidades. Este tipo de violência é muito mais nociva. Quando
noticiada na imprensa provoca na sociedade o descrédito nas instituições, um
sentimento de frustração sem dimensões e, pior, serve de modelo para futuros
delinquentes. Em suma, a violência das
ruas é reflexo da violência praticada nos gabinetes. O desrespeito as Leis por
quem deveria, por dever de ofício, zelar por seu cumprimento, aplicá-las,
produzi-las induz parte da sociedade à praticas criminosas. Isso significa que
não basta contratar policiais, construir presídios, prender marginais.
Precisamos, antes de tudo, construir uma nova sociedade com valores morais
restaurados, com sentimento pátrio, com dignidade pessoal, com conceito de que
uma nação é um conjunto de pessoas andando na mesma direção, com os mesmos objetivos.
O primeiro passo é
aprendermos a pensar por nós mesmos sem cair nas armadilhas dos comerciais de
TV, dos marqueteiros profissionais que dão uma cara angelical a qualquer
pessoa, quase santificando. Falar sobre sociedade, refletir sobre os fatos importantes
para todos. Esse é o segundo passo. O terceiro e último passo é FAZER MUDANÇA.
Precisamos aprender a mudar. Quando trabalhamos em um emprego que não gostamos
procuramos outro, não é mesmo. Em política deve ser assim. Sempre que tivermos
um político que não corresponde as nossas expectativas temos o dever e o
direito de troca-lo por outro. Por que ficar insistindo com alguém que já
provou não ser digno da nossa confiança? Mudar sempre. Esse é o segredo de um
povo forte.
Finalizando, quero
dizer-lhe que quando o cidadão tem boa educação e boa saúde ele aprende a
pensar. Quando pensa se liberta das correntes que prendem e torna-se
questionador, exigente. É isso que o Estado brasileiro não quer. O Estado
paternalista prefere um povo sem cultura, ou com educação de má qualidade e
baixa estima. Seu objetivo é conceder
benefícios, ditos, sociais para manter o controle através da dependência
financeira. Nos países de “primeiro mundo” o Estado fornece educação, saúde e
segurança para que o cidadão tenha condições de trabalhar, produzir e crescer.
Desse modo, o país se fortalece com o desenvolvimento científico e tecnológico,
e o cidadão sente-se digno e capaz ao cuidar de si mesmo e da sua família. Esse
é o modelo que devemos seguir.
Precisamos aprender a
exigir dos nossos representantes e governantes o devido respeito às leis, às
pessoas, às instituições. Todos os cargos públicos tem sua dignidade. Quem os
ocupa deve, portanto, ser digno de ocupá-los. Ou fazemos isso ou, dentro de
algum tempo termos uma situação de gravidade potencializada. Em tudo isso, temos
uma certeza: só o povo muda um país. Nós podemos mudar tudo para melhor.
Façamos a escolha certa.
JUNTOS,
PODEMOS QUALQUER COISA.