#Eles receberam um país com moeda forte (REAL), com inflação
controlada (antes a inflação chegava a mil por cento ao ano, no governo
Sarney), com modernidade tecnológica que permitiu e permite um melhor controle
da arrecadação de tributos (pouco antes não havia internet, os telefones fixos
tinham fila de espera de mais de três anos, os celulares só chegaram por aqui
no final dos anos noventa), o parque industrial estava em franca transformação
por conta da entrada no mercado brasileiro de automóveis e outros produtos
importados, com qualidades nitidamente superiores aos aqui produzidos, o que
forçou uma modernização de toda a indústria brasileira (obra do governo
Collor), o setor de comércio e serviços vivia um momento de exuberância graças
a valorização do dinheiro dos brasileiros que podiam comprar fazendo a roda da
economia girar.
Havia corrupção. Mas os métodos investigativos não eram tão
eficazes. O Ministério Público não existia de fato. Os bancos de dados não eram
integrados, não possuíam mecanismos de controles, não havia tanta gente com
domínio sobre a informação como temos hoje.
E o que foi que fizeram nesses quase doze anos?
Usaram a estabilidade econômica construída nos governos
anteriores, a paz social, o crescimento da atividade produtiva, instauraram um
maior controle sobre a arrecadação de tributos (tanto que ela cresce ano após
ano) e usaram o dinheiro dos impostos pagos por nós trabalhadores para
financiar seus projetos de perpetuação no poder.
Apropriaram-se dos programas sociais como "cheque
cidadão" que o governo Garotinho instituiu no RJ, do vale gás e bolsa
escola do FHC e juntaram tudo num só pacote com nome de bolsa-família,
colocando nele sua própria marca.
Avanços, foram poucos. Os aposentados passaram a contribuir
para a previdência social (eles foram contra quando tentaram taxar os
aposentados no governo Sarney), abriram o crédito consignado para os idosos
pensionistas; os banqueiros ficaram mais felizes com trinta por cento do
salário minguado dos "velhinhos" que, se não viviam bem com o
dinheiro todo, agora vivem pior com setenta por cento. Inventaram os programas
de ingresso nas universidades que num primeiro momento parece muito bom;
entretanto, quando os formandos saírem das universidades sem a qualificação
necessária para competir no mercado profissional, todos verão o fiasco e a
decepção nos rostos dos novos graduados.
O que sobra?
Corrupção, autoritarismo, paternalismo com o dinheiro
público e descaso com a saúde, com a segurança pública, com a educação de base,
com o futuro do Brasil.
Nem vou falar da copa, que no Brasil se chama " copa da
Fifa", enquanto que nos outros países é copa do mundo do país tal.
Eles receberam um país com bons alicerces construídos, com
as paredes erguidas, com o telhado feito, com portas e janelas. Só precisavam
fazer a pintura e colocar os móveis na casa. E o que fizeram? Dilapidaram um
patrimônio que não construiram e apropriaram-se dos escombros lançando sobre os
proprietários o ônus da reconstrução e pleiteando para si os aplausos pela
tarefa que dizem, pretendem concluir algum dia.
Quantos de nós vai acreditar novamente?
0 comentários:
Postar um comentário