A DÓ DA DOR

Enche meus olhos de espinhos
A dor miserável do pobre
Cambaleante, naufrago da própria sorte
Que o arrasta por um caminho
Onde a única alternativa é a morte.
Vê-lo humilhado, doente
Indignamente vergado
Sob o peso das injustiças
Deixa-me o peito dilacerado
Causa-me dor tão profunda
Que me sinto egoísta
Por ter vivido indiferente.
O pobre não tem sossego
Seu dia acorda sem ter dormido
Muito trabalha em troca de pouco
Conhecimentos? - Saber prá quê?
Seu destino é pisar lama, cheirar esgoto
Construir o luxo que nunca será seu
Velho morre sem velho ter sido
Se diz vivo sem nunca viver.
A dor que sinto é forte, ambulante, bela
Porque é uma dor eterna, desigual, sofrida
Nascida em cidades, nos campos, nas janelas
Desumanamente abertas nas paredes da vida
De cada pobre construtor deste país.
Enche meus olhos de espinhos
A dor impotente do pobre...

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