MAIS UM MORADOR DE FAVELA É MORTO NO RJ

O tiro de fuzil disparado por um experimentado homem do BOPE e que vitimou um morador de favela esta semana no Rio de Janeiro nos dá bem a dimensão da relação de forças entre o Estado Legal e o estado paralelo – ilegal. O crime organizado, que subjuga a população do RJ com sua hierárquia, tribunais funcionantes e leis que são respeitadas por todos, com seu poder de fogo (muitas armas automáticas, fuzís, metralhadoras, granadas, metralhadoras antí-aéreas capazes de derrubar helicópteros, além de grande quantidade de munições de todos os calibres), agora assusta o próprio Estado.
As facções criminosas estenderam seus tentáculos em todas as direções e, embora suas bases sejam as comunidades carentes, possuem homens infiltrados em todos os setores da sociedade brasileira.
Esse tiro precisa ser compreendido como um alerta! Ele não pode e nem deve ser ouvido como um mero disparo, uma fatalidade, um acidente. Ele é mais, muito mais que isso: é o reflexo do desespero que vitima o Estado que, mesmo com todos os seus aparelhos de defesa, se vê incapaz de conter o avanço da criminalidade. Esse tiro é o grito que devemos ouvir para nos pormos de prontidão, para nos prepararmos para combater a violencia crescente e as organizações marginais que as provoca.
O Estado se encontra acuado como todos nós. Mas, nós temos o poder de criar o Estado, de modificá-lo, se preciso, de reformá-lo para que seja mais eficaz na defesa de toda a sociedade. E, é isso que precisa ser feito. Não podemos simplesmente culpar o cidadão por viver em favelas, culpar os policiais por atirarem sem ter certeza do alvo, nem criticar quem quer que seja sem antes reconhecermos nossa parcela de responsabilidade em todos esses episódios; porque somos nós quem delegamos poder ao Estado para agir em nome de toda a sociedade. Se o Estado não é eficiente temos o direito e o dever de trocar seu comando e buscar novos caminhos. O que não podemos é ser hipócritas ao ponto de, nos omitindo, pensarmos que estamos isentos de culpa por todos os erros cometidos por nossos agentes. A sociedade é o poder maior. O Estado e seus agentes são nossos gerentes e, de uma maneira ou de outra, tudo o que fazem é em nosso nome. Portanto, somos todos responsáveis pelos tiros a esmo, pelas balas que matam inocentes, pelos acertos e pelos erros cometidos, não só pela polícia, mas em todos os campos da atividade pública.
Precisamos deixar a demagogia e a hipocrisia de lado e reconhecermos que sem consertar a própria sociedade não poderemos melhorar o Estado; porque Ele é o reflexo dela. O cidadão brasileiro precisa recomeçar a olhar para dentro de si mesmo e refletir sobre o seu papel no grupo social a que pertence, sobre suas responsabilidades com seu irmão, seu vizinho de rua ou de bairro, seus concidadãos. O homem moderno não é um ser isolado que vive fechado em um mundo próprio. De alguma maneira, em algum momento da vida seus atos e atitudes atingem outras pessoas. É esta consciencia que precisamos incutir em cada um de nós, se quisermos viver em uma cidade menos perigosa, menos violenta com um Estado presente em todos os setores da sociedade. Sem isso, qualquer coisa que se faça será mero remendo, será “jogar para a platéia” como se diz em futebol.

Jornal do Brasil - Rio - Minc vai à Marcha da Maconha: política antidroga é "desastre"

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A DÓ DA DOR

Enche meus olhos de espinhos
A dor miserável do pobre
Cambaleante, naufrago da própria sorte
Que o arrasta por um caminho
Onde a única alternativa é a morte.
Vê-lo humilhado, doente
Indignamente vergado
Sob o peso das injustiças
Deixa-me o peito dilacerado
Causa-me dor tão profunda
Que me sinto egoísta
Por ter vivido indiferente.
O pobre não tem sossego
Seu dia acorda sem ter dormido
Muito trabalha em troca de pouco
Conhecimentos? - Saber prá quê?
Seu destino é pisar lama, cheirar esgoto
Construir o luxo que nunca será seu
Velho morre sem velho ter sido
Se diz vivo sem nunca viver.
A dor que sinto é forte, ambulante, bela
Porque é uma dor eterna, desigual, sofrida
Nascida em cidades, nos campos, nas janelas
Desumanamente abertas nas paredes da vida
De cada pobre construtor deste país.
Enche meus olhos de espinhos
A dor impotente do pobre...

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