VIOLENCIA URBANA NO RJ

Hoje, mais uma vez fiquei estarrecido ao ver o noticiário policial em um desses jornais televisivos matinais. A violência tem assumido uma forma tão flagrante que é mais fácil encontrá-la do que boas ações. Todos os dias sabemos de várias mortes por tiros disparados por armas de grossos calibres, não importa quem as está portando, se policiais ou bandidos. Importa a frequencia com que são usadas e as pessoas que estão sendo por elas vítimadas. Morrem bandidos e morrem policiais. Mas morrem tambem pessoas que nada deveriam ter com essa guerra instalada dentro da sociedade carioca e brasileira. São crianças, jovens e adultos que sonham com algum futuro e que têm o curso da vida interrompido bruscamente por um bala perdida, ou achada em qualquer rua, dentro ou fora do abrigo do lar. A situação está tão crítica que no Rio de Janeiro e em outras grandes cidades brasileiras constitui-se risco de morte possuir um carro novo, morar em uma boa casa, vestir roupas de marca, usar óculos, relógio, pulseira, cordões... Qualquer dia desses não se poderá mais sair de casa. E ninguém faz nada para coibir o estado de violência e morte que se abateu sobre nós. O Estado parece impotente ou insensível diante de tamanha desordem. Se há algum confronto direto manda a polícia para, usando da mesma violência, mas de maneira institucionalizada, combater e reprimir o crime organizado. Aliás, talvez seja o caso de o Estado constitucional aprender com os criminosos; porque o crime “organizado” tem se mantido no poder por trinta anos sem ser abalado de forma contundente. É certo que morrem líderes e soldados. Entretanto a cabeça do crime mantèm-se sóbria, fomentando novas ações e estendendo seus tentáculos cada vez mais longe e mais profundamente no seio da sociedade brasileira. Enquanto isso, o Estado legal com ações pífias vê-se desorientado, forçado a responder na medida que lhes permitem os instrumentos legais e a conveniencia política (muitas vezes mais essa do que aquele). E a violencia cresce a olhos vistos. E o crime vai penetrando na política, nos tribunais, na administração pública.
Sempre digo que “nenhum governante muda (prá melhor) a vida de uma nação”; porque isso não convém ao poder estabelecido. Só o próprio povo pode produzir melhorias em uma sociedade. Para isso precisa consturir uma consciencia social do que é ser cidadão, do que é ser comunidade. Hoje chamam de comunidade o que antes era chamado de favela para dar uma aparencia menos agressiva, menos hostil a um pedaço da sociedade que foi esquecido pelo poder público. Mas, comunidade é sinonimo de coisa comum e não de um grupo de pessoas confinadas em um espaço físico geográfico. As favelas são um fato social desagradável e por mais maquiagem que se ponha nelas serão sempre vistas como antro de criminosos, locais de venda de entorpecentes e de gente discriminada. Quem diz o contrário é, no mínimo demagogo, hipócrita. Não importa quanta gente de bem viva nas favelas, quantos trabalhadores honestos, quantas mães e donas de casa, quantas crianças sonhadoras. Todos são nivelados por baixo e quando as portas são chutadas todos são bandidos até que provem o contrário! É como uma cicatriz. Todos estranham quando olham, causa asco mas todos se acostumam com ela. E seu possuidor sente-se diferente, inferiorizado, humilhado por sua condição. Mas se nada pode fazer para mudar...
É essa distorção entre as realidades que produz a violencia urbana. E o Estado que parece cego não percebe que não existirá saída para essa tal situação senão pela educação, pela saúde pública, pela reorganização do espaço urbano, pela reestruturação dos mecanismos sociais de amparo aos menos assistidos envolvendo parcerias com a iniciatiiva privada, com grandes empresas. Uma outra coisa é promover o restabelecimento da confiança do cidadão nos organismos de segurança do Estado. Porque hoje quase ninguém confia na polícia e poucos são os que acreditam na justiça. É preciso pavimentar a estrada da confiança para que o cidadão sinta-se garantido ao denunciar os iliciitos sofridos. Hoje não é assim. Uma pessoa que registra um boletim de ocorrencia tem o endereço e a identidade conhecida por aqueles que lhe causaram dano. Por isso o cidadão comum só procura a polícia em último caso. É preciso ser mesmo uma coisa muito séria.
E assim as manchetes vão preenchendo as páginas dos jornais, os noticiários das tv´s e rendendo lucros financeiros e status aos profissionais da mídia enquanto o povo corre de lado a outro sem saber de onde vêm os tiros ou para onde devam fugir para manter a vida. É um caos estabelecido.
Precisamos fazer alguma coisa por nós mesmos! Precisamos soltar um grito de: BASTA! Precisamos começar a exigir respeito das pessoas que nos governam e que deveriam zelar por nossas vidas e nossa segurança para ver se os acordamos, se ao menos os incomodamos!
Se não fizermos isso corremos um sério risco de sermos as próximas vítimas em qualquer sinal de trânsito, em uma esquina escura ou até mesmo dentro da nossa casa. Depois viramos estatística, um sinal em alguma planilha eletrônica para explicar, com sorrisos dissimulados, os “progessos” conseguidos por um determinado governo. Mais que isso, só as lágrimas e a indignação dos nossos familiares e amigos inconformados com nosso destino.

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